Os atentados terroristas de Oslo apanharam toda a gente de surpresa. Primeiro por ser num país que tomamos tantas vezes como exemplo de avanços civilizacionais, de educação, de formação cívica, depois por ter furado as primeiras teorias que surgiam nos media e nas redes sociais, que apontaram para terroristas islâmicos.
No Twitter, uma conta associada à defesa cega dos crimes de Israel dizia ainda a quente, e cito de memória, que a Noruega dá apoio a grupos que atacam Israel e agora provava o seu próprio veneno. Afinal, o terrorista é anti-islão. Mas centremo-nos no preconceito, que começa aqui. Os terroristas islâmicos não têm rosto, nem família, nem amigos, nem uma infância difícil. São só terroristas islâmicos.
No entanto, este norueguês tem tudo isso. Na RTP, por exemplo, o terrorista de extrema-direita era tratado por “jovem norueguês” e não por terrorista. Até tem nome: chama-se Anders Breivik. E já se diz que é louco, como convém nestes casos.
Ao que parece, o terrorista tinha planos de ataque a uma série de países, e Portugal não escapava ao rol de nações inimigas, com mais de 11.000 alvos a abater. Também a refinaria de Leça da Palmeira era um alvo. Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, apressou-se a assegurar que foram tomadas todas as medidas de segurança necessárias. Um dia depois, os jornais divulgam que uma norma da PSP de Matosinhos, que engloba Leça da Palmeira, que espera há décadas por uma esquadra, indica que as viaturas policiais deverão realizar apenas 25 a 30km por turno, devendo o restante serviço realizar-se a pé.
Fiquemos, por isso, descansados. A PSP tem permissão para dar três voltas ao perímetro da refinaria e fazer o resto a pé. Esperemos que os eventuais terroristas tenham isso em consideração.
Publicado originalmente na edição de Agosto do Notícias de Matosinhos.