segunda-feira, setembro 19, 2011

Portugal não é a Grécia

Há uns meses, Portugal não era a Grécia, porque a Grécia tinha um défice escondido. Há sete dias, Portugal não era a Grécia porque nós estamos no caminho certo, pelo menos assim falava o ministro Miguel Relvas, do PSD, o partido pai do outro que, na Madeira, escavacou tudo. Hoje, Portugal não é a Grécia, porque o buraco madeirense representa um acerto de 0,7 por cento no défice e o da Grécia era de 2,2. Estão todos enganados e a vasta equipa do Um Tal de Blog descobriu tudo.

Na verdade, Portugal não é a Grécia por 10 motivos:

1 - O Sócrates deles morreu há mais tempo que o nosso.
2 - O nosso Sócrates só agora foi estudar filosofia.
3 - A Grécia ganhou uma final de um Europeu de futebol em Portugal e Portugal nunca foi campeão europeu na Grécia..
4 - Existe a luta greco-romana mas não existe a luta luso-romana.
5 - A Grécia podia vender as suas ilhas para resolver os problemas financeiros, nós descobrimos um buraco financeiro nas nossas ilhas.
6 - A Grécia enviou-nos jogadores como o Katsouranis, nós mandámos para lá o treinador Fernando Santos.
7 - Os gregos têm as suas fronteiras bem definidas, nós andamos à porrada por causa de Olivença.
8 - A Grécia inventou as provas de fundo, como a maratona, nós inventámos o que nos leva ao fundo, a fuga ao fisco.
9 - Os nomes gregos acabam em Papadopoulos, os nossos acabam em Silva.
10 - Os gregos vão voltar ao dracma, nós vamos voltar ao escudo.

FIM.

segunda-feira, setembro 12, 2011

Albardem-me!*

Numa noite destas, parece que Leça da Palmeira tremeu até à Foz do Douro. Eu não acordei, confesso, que sou rapaz de sono duro, mas consta que a Petrogal pregou mais um susto. A verdade é que para nós, leceiros, a Petrogal  já faz parte da paisagem, os riscos são conhecidos, as vantagens e as desvantagens também. Já as consequências que poderia ter um acidente grave na refinaria, ninguém pode medir com certeza. E nós preferimos não pensar nisso.
Mas há quem tenha obrigação de o fazer. Uma dessas entidades é a Câmara Municipal, que, à terceira tentativa, respondeu à pergunta que coloquei, através do Facebook:  Gostava de saber onde posso ter acesso ao plano de emergência municipal que contém as indicações sobre o que as populações devem fazer em caso de um acidente grave na refinaria de Leça”. Parece simples, não parece? Mas não é. Nunca foi. A questão é há anos colocada, pelo menos, nas Assembleias de Freguesia de Leça da Palmeira. A resposta foi sempre a mesma: o plano existe mas não é divulgado para não alarmar a população.
Deixemos o lado ridículo da resposta. A CMM enviou-me não o plano de emergência que solicitei, e que alegadamente existe, mas sim o Plano de Emergência Municipal, coisa antiga, uma vez que a edição mais recente data de 2006/2007. Refere mesmo a difusão de notícias através da rádio local, a mesma que foi recentemente vendida, e dos jornais cá do burgo, referindo-se, certamente, ao Notícias de Matosinhos, que comemora dois anos de vida, e ao Jornal de Matosinhos, já que, entretanto, o Matosinhos Hoje fechou.
Sobre o plano específico, nada. Sobre o que as populações devem fazer, zero. Sobre o tipo de gases libertados e o que fazer caso tal suceda, menos ainda. A questão acima continua sem resposta e fica, através deste texto, lançada de novo.
A CMM encontrou uma forma original de chamar-me burro. Não levo a mal, gosto da originalidade. Agora mostrai o que pedi e que, como munícipe, creio ter direito a conhecer.
*Publicado originalmente na edição de Setembro do Notícias de Matosinhos