Ruy de Carvalho tem 86 anos e 70 de carreira, é um actor que aprendi a
admirar, fosse na televisão ou no teatro. A idade é, de facto um posto.
Eu acho que aos 86 anos, uma pessoa deve poder dizer o que lhe vai na
cabeça, mesmo sendo alguém de quem se espera tudo e mais alguma coisa.
Mesmo havendo o risco de desiludir admiradores, amigos. Caramba, 86 anos
têm de servir para alguma coisa.
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«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
segunda-feira, maio 27, 2013
Ruy de Carvalho e o desabafo
sexta-feira, maio 24, 2013
Vinha da Costa e a corrupção
Há oito dias, decorreu em Custóias – Matosinhos – um debate organizado
pela Junta de Freguesia que pretendia debater o papel dos partidos na
crise actual. O evento foi moderado pelo presidente da Junta
organizadora e foram convidados membros de todos os partidos com assento
parlamentar. Pelo PS esteve um jovem bastante confuso, cujo nome me
escapa e que não conheço, pelo PSD esteve Vinha da Costa, pela CDU
esteve José Pedro Rodrigues – ambos candidatos à Câmara de Matosinhos -,
pelo Bloco disseram que estariam mas não estiveram e, no CDS, ninguém
respondeu.
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terça-feira, maio 14, 2013
Não morreu, mas está em modo relax
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quarta-feira, maio 08, 2013
Mais um empurrão!
terça-feira, maio 07, 2013
O bom aluno
Na escola primária fui sempre um bom aluno. Era assíduo e pontual e apreendia com facilidade os conhecimentos propostos - acho que era assim que se dizia.
Uns anos mais tarde, continuei a ser um bom aluno mas um péssimo estudante. Eu também sofri dores de barriga pré-testes na escola primária. E eram horríveis, não na barriga, mas na cabeça, por não saber controlá-las.
A minha escola - Número 1 da Amorosa, em Leça da Palmeira - era bonita. Dois edifícios separados pelo fascismo de uma espécie de Clube do Bolinha, onde menina não entrava, e vice-versa - na minha altura já havia meninos e meninas misturados. As empregadas, agora funcionárias, tocavam um sino e fazíamos uma fila à porta. Subíamos as escadas de madeira até à sala, onde aprendíamos tudo tanta coisa. À hora certa, as empregas sra. Maria do Rosário, d. Conceição ou a sra. Mariazinha tocavam o sino, outra vez, e íamos para o recreio, jogar à bola com os pacotes de leite vazios e duas balizas feitas com pedras. Isto nos primeiros anos. Depois, mais tarde, já na quarta classe, tínhamos direito a usar o campo maior, com direito a um poste de baliza que era, na verdade, o que restava de uma tabela de básquete. O outro poste continuava a ser uma pedra. E a trave a nossa imaginação, que levava às eternas discussões do "eu-não-chegava".
Na sala imperava a disciplina da D. Arminda, sra. professora, mais a temível régua de madeira. Nunca levei uma reguada, nos quatro anos que lá passei. Tive tanta sorte. No entanto, não deixava de esfregar as mãos nas calças de ganga de cada vez que eram devolvidos os ditados, devidamente corrigidos, em que cada erro valia uma reguada.
O maior castigo que tive foi ficar uma vez, durante um intervalo, a fazer a tabuada do 2. Não soube o resultado de 2x7. Saiu-me tudo da boca, do 12 ao 18, menos o maldito 14. E lá fiquei eu, com o jogo a decorrer lá fora, depois de trocar o pacote de leite, que havia sempre alguém que o pisava e, bola que se presasse, tinha de ser paralelepipédica.
E as cantorias. Cantávamos sempre no final da aula. Detestava tanto cantar. Músicas populares e o hino nacional, de pé, como mandam as regras.
Hoje, os miúdos foram fazer o exame da 4.ª classe. Não havia nada disso, mas a barriga doía na mesma. E, se houvesse, havia de ter-me doído ainda mais.
E o compromisso de honra que miúdos de 9 anos têm de assinar é qualquer coisa tão ridícula que não consigo descrever. Ainda por cima imposto por este governo, a quem a honra é coisa estranha. E, já agora, o compromisso. E, por que não, a verdade.
Não sou especialista em coisa alguma, não sou professor, já não sou aluno. Mas isto parece-me de uma violência enorme para os miúdos. Para mim tê-lo-ia sido. Já não há explicação para submeter os miúdos a este tipo de violência. Havia no tempo dos meus pais, mas eles sobreviveram no fascismo.
Uns anos mais tarde, continuei a ser um bom aluno mas um péssimo estudante. Eu também sofri dores de barriga pré-testes na escola primária. E eram horríveis, não na barriga, mas na cabeça, por não saber controlá-las.
A minha escola - Número 1 da Amorosa, em Leça da Palmeira - era bonita. Dois edifícios separados pelo fascismo de uma espécie de Clube do Bolinha, onde menina não entrava, e vice-versa - na minha altura já havia meninos e meninas misturados. As empregadas, agora funcionárias, tocavam um sino e fazíamos uma fila à porta. Subíamos as escadas de madeira até à sala, onde aprendíamos tudo tanta coisa. À hora certa, as empregas sra. Maria do Rosário, d. Conceição ou a sra. Mariazinha tocavam o sino, outra vez, e íamos para o recreio, jogar à bola com os pacotes de leite vazios e duas balizas feitas com pedras. Isto nos primeiros anos. Depois, mais tarde, já na quarta classe, tínhamos direito a usar o campo maior, com direito a um poste de baliza que era, na verdade, o que restava de uma tabela de básquete. O outro poste continuava a ser uma pedra. E a trave a nossa imaginação, que levava às eternas discussões do "eu-não-chegava".
Na sala imperava a disciplina da D. Arminda, sra. professora, mais a temível régua de madeira. Nunca levei uma reguada, nos quatro anos que lá passei. Tive tanta sorte. No entanto, não deixava de esfregar as mãos nas calças de ganga de cada vez que eram devolvidos os ditados, devidamente corrigidos, em que cada erro valia uma reguada.
O maior castigo que tive foi ficar uma vez, durante um intervalo, a fazer a tabuada do 2. Não soube o resultado de 2x7. Saiu-me tudo da boca, do 12 ao 18, menos o maldito 14. E lá fiquei eu, com o jogo a decorrer lá fora, depois de trocar o pacote de leite, que havia sempre alguém que o pisava e, bola que se presasse, tinha de ser paralelepipédica.
E as cantorias. Cantávamos sempre no final da aula. Detestava tanto cantar. Músicas populares e o hino nacional, de pé, como mandam as regras.
Hoje, os miúdos foram fazer o exame da 4.ª classe. Não havia nada disso, mas a barriga doía na mesma. E, se houvesse, havia de ter-me doído ainda mais.
E o compromisso de honra que miúdos de 9 anos têm de assinar é qualquer coisa tão ridícula que não consigo descrever. Ainda por cima imposto por este governo, a quem a honra é coisa estranha. E, já agora, o compromisso. E, por que não, a verdade.
Não sou especialista em coisa alguma, não sou professor, já não sou aluno. Mas isto parece-me de uma violência enorme para os miúdos. Para mim tê-lo-ia sido. Já não há explicação para submeter os miúdos a este tipo de violência. Havia no tempo dos meus pais, mas eles sobreviveram no fascismo.
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