Rui Rio, Rui Moreira e até um responsável pela igreja católica vieram alertar para o perigo de uma revolta a norte por causa das SCUT. O norte está cada vez mais estreito - acho que já escrevi isto mais lá para baixo - e desta vez vai de Viana a Aveiro em forma de autoestrada.
Não é só o norte que está revoltado e, se o está, não é apenas por causa das portagens nas SCUT, que o candidato Sócrates prometeu não portajar, mas que o primeiro-ministro Sócrates mandou implementar, à custa de chips e tudo. Uma coisa assim moderna, tipo Magalhães mas em muito pequenino.
O norte tem todos os motivos para estar revoltado. Tem as regiões mais pobres do país e pelo menos duas delas serão mesmo penalizadas pela introdução de portagens, mais precisamente, nas zonas do Vale do Ave e do Vale do Sousa e Baixo Tâmega.
Se as portagens nas SCUT servirem para despertar a consciência do norte sobre o que são PS e PSD - uma moeda de uma face só, melhor.
Se servirem para que meia-dúzia de "notáveis" do Porto se autopromovam, para tirarem dividendos de partidos e movimentos portuenses mascarados de nortenhos que estão na calha, então, valem tanto como os deputados do norte eleitos pelo PS e, eventualmente, pelo PSD que aprovarão as portagens.
Mais: O norte revoltar-se-á quando o Povo tiver consciência de que pode mais, de que pode tudo e basta querer, não quando o presidente da Câmara do Porto, o Rui Moreira ou qualquer outra personagem que, na sua cabeça, se ache representativa de uma fatia do Povo nortenho quiser. Por curiosidade, eu, que até participei em vários protestos contra as SCUT, nunca vi por lá bispos, nem o Rui Moreira, nem o Rui Rio, os que agora alertam para o perigo de uma revolta, confortavelmente sentados no sofá. Mas reconheço que possa ser uma falha minha.
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
quarta-feira, junho 23, 2010
Os donos do norte
quinta-feira, junho 17, 2010
quarta-feira, junho 02, 2010
Portugal, o Chile dos pequeninos
Ontem surgiu a notícia do fecho de mais escolas do primeiro ciclo. Coisa pouca, umas 900, a somar às 2.000 que os governos de Sócrates já conseguiram fechar. Evidentemente, a maioria está localizada no norte e no interior do país. De acordo com estes dados, os governos do PS já conseguiram fazer baixar de o número de 8.888 escolas básicas para 6.297 até 2008. Agora, são menos 900. Ficam, portanto, 5.397 escolas. Na prática, em meia dúzia de anos, as políticas educativas conseguiram fechar quase 50% das escolas. Um feito notável no que respeita à poupança.
Com este tipo de medidas, a juntar aos SAP, urgências e maternidades, Portugal está a transformar-se num pequeno Chile. Este país da América do Sul tem 4.300 km de comprimento e, em média, 175 quilómetros de largura. Nós não chegamos a tanto, devemos estar mais ou menos com uns 50km de largura e quase 800 de comprimento.
Tudo isto tem um preço. Poupa-se hoje mas, amanhã, teremos um país ainda mais desertificado fora das grandes cidades do litoral. A retirada constante de serviços do interior conduzirá a um fluxo ainda maior para o litoral - que irá ser agravada com a privatização dos CTT, por exemplo.
Deste modo, com estas políticas meramente economicistas, as auto-estradas para o interior deveriam passar a ser feitas apenas num sentido, o que traz. Porque ninguém quer ir para um deserto. E não, não estou a falar da margem sul.
Com este tipo de medidas, a juntar aos SAP, urgências e maternidades, Portugal está a transformar-se num pequeno Chile. Este país da América do Sul tem 4.300 km de comprimento e, em média, 175 quilómetros de largura. Nós não chegamos a tanto, devemos estar mais ou menos com uns 50km de largura e quase 800 de comprimento.
Tudo isto tem um preço. Poupa-se hoje mas, amanhã, teremos um país ainda mais desertificado fora das grandes cidades do litoral. A retirada constante de serviços do interior conduzirá a um fluxo ainda maior para o litoral - que irá ser agravada com a privatização dos CTT, por exemplo.
Deste modo, com estas políticas meramente economicistas, as auto-estradas para o interior deveriam passar a ser feitas apenas num sentido, o que traz. Porque ninguém quer ir para um deserto. E não, não estou a falar da margem sul.
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