Ontem surgiu a notícia do fecho de mais escolas do primeiro ciclo. Coisa pouca, umas 900, a somar às 2.000 que os governos de Sócrates já conseguiram fechar. Evidentemente, a maioria está localizada no norte e no interior do país. De acordo com estes dados, os governos do PS já conseguiram fazer baixar de o número de 8.888 escolas básicas para 6.297 até 2008. Agora, são menos 900. Ficam, portanto, 5.397 escolas. Na prática, em meia dúzia de anos, as políticas educativas conseguiram fechar quase 50% das escolas. Um feito notável no que respeita à poupança.
Com este tipo de medidas, a juntar aos SAP, urgências e maternidades, Portugal está a transformar-se num pequeno Chile. Este país da América do Sul tem 4.300 km de comprimento e, em média, 175 quilómetros de largura. Nós não chegamos a tanto, devemos estar mais ou menos com uns 50km de largura e quase 800 de comprimento.
Tudo isto tem um preço. Poupa-se hoje mas, amanhã, teremos um país ainda mais desertificado fora das grandes cidades do litoral. A retirada constante de serviços do interior conduzirá a um fluxo ainda maior para o litoral - que irá ser agravada com a privatização dos CTT, por exemplo.
Deste modo, com estas políticas meramente economicistas, as auto-estradas para o interior deveriam passar a ser feitas apenas num sentido, o que traz. Porque ninguém quer ir para um deserto. E não, não estou a falar da margem sul.
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
quarta-feira, junho 02, 2010
Portugal, o Chile dos pequeninos
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3 comentários:
Concordo com a ideia do combate à desertificação. Mas entendo que a solução não passa, efectivamente, pela sementeira de sorvedouros públicos em cada esquina: uma escola em cada rua, um hospital em cada esquina...
O nível escolar e o profissional de saúde, por exemplo, saem a perder por falta de competitividade. Deixa de existir termos de comparação próxima - competição para o desenvolvimento.
Acredito, porém, que com políticas de ordenamento do território respeitadoras dos funcionamentos ecológicos e da tradição social portuguesa (com vista a sustentabilidade económica das regiões) podemos assegurar um desenvolvimento assimétrico, que o será sempre, mas equilibrado na distribuição.
Afinal, Portugal é um rectângulo pequeno.
José Castro.
Olá José.
Estamos de acordo que não poderemos ter um hospital à porta, nem um polícia à porta, nem uma escola à porta. Mas penso que somos os dois de uma áres onde, umas vezes mais longe, outras mais perto temos tudo isso.
No interior têm coisa nenhuma, com estradas miseráveis, caminhos de ferro que o estado deixou apodrecer para agora poder privatizar. Até os CTT o estado quer dar a meia dúzia que vivem à custa das crises constantes em que vivemos.
Quanto à segunda parte do comentário, estamos plenamente de acordo. Eu acredito que não é preciso mt para combater as assimetrias, bastava um bocadinho de bom senso e de noção de serviço público, duas coisas que parecem faltar a quem nos governa.
Um abraço e obrigado pela visita.
NOTA POSITIVA.
A orla marítima em Leça da Palmeira, bem como o novo passadiço está visivelmente bem feito.
Parabéns pela reconversão.
Saudações Marítimas
José Modesto
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