Diz que é moda malhar na Moody's. Não há dia que não surja um novo vídeo com lixo para a Moody's. Estamos confortavelmente indignados com a Moody's; até crashamos o site deles sem precisar de sair das cadeiras. Foi uma iniciativa inédita, ao que parece lançada por um assessor da TAP, cuja indignação é de classe. Não há notícia de ataques ao site da Groundforce quando foram despedidas centenas de trabalhadores.
Somos tão patriotas quando nos dizem que somos lixo. É aquele orgulho saloio, que surgiu de repente quando percebemos que uma agência faz aquilo que sempre fez: especula. E a gigantesca campanha mediática contra esta agência em particular foi tão bem alimentada, que até o jornal i lançou uma petição dizendo que "A Europa não é um lixo", apoiada pelos líderes da JS e JSD.
Somos tão patriotas quando nos dizem que somos lixo. É aquele orgulho saloio, que surgiu de repente quando percebemos que uma agência faz aquilo que sempre fez: especula. E a gigantesca campanha mediática contra esta agência em particular foi tão bem alimentada, que até o jornal i lançou uma petição dizendo que "A Europa não é um lixo", apoiada pelos líderes da JS e JSD.
Enquanto estávamos entretidos com este circo, surgiam outras ideias mais ou menos pioneiras, como a criação de uma agência de rating europeia. Pessoalmente, acho brilhante. Criticamos as agências de rating dos EUA para criarmos uma europeia, para que possamos, em vez de trash, ser considerados rubish. Pessoalmente, agrada-me, é verdade, que tenho um fascínio pelo british english. Portanto, não se muda o sistema, não se combate a especulação. Não, o que é preciso é que sejamos considerados lixo por alguém que nos seja um bocadinho próximo.
A nossa indignação é tão selectiva que até nos esquecemos, ou há quem nos queira fazer esquecer, o que diziam, até há umas semanas, gente do PS, PSD e CDS sobre as agências. Recordemos que a necessidade dos sucessivos PEC's era equilibrar as contas públicas para não assustar os mercados. A título de exemplo, o ministro Vespa, Pedro Mota Soares, dizia, a 13 de Julho de 2010, que "é um erro desconsiderar o que as agências nos vão dizendo". Menos de um ano depois, a 6 de Julho de 2011, o deputado do CDS, Nuno Magalhães, afirmava:
1 comentário:
Muito bem analizado concordo plenamente.
Em 2007, as mesmas agências que hoje diabolizamos classificavam Portugal apenas dois níveis abaixo da Alemanha. Isso permitia ao país financiar-se a uma taxa de juro que estava apenas 14 pontos base (ou 0,14 pontos percentuais) acima das taxas alemãs. Se os mercados cobravam 3,00% à Alemanha a 10 anos, cobravam 3,14% a Portugal.
De então para cá, o nosso défice público passou de 2,6% para 9,1%. A dívida pública acumulada saltou de 63% para mais de 90% do PIB. O défice externo da economia ficou sempre acima de 10% do PIB em cada ano. E no ranking da competitividade das economias do Fórum Económico Mundial caímos de 22º para 46º lugar.
É certo que as agências de rating são demasiado importantes para serem deixadas sem regulação e sem uma avaliação rigorosa dos seus métodos. Mas Portugal, que alegremente acumulou erros, por muito que nos custe, está longe de ser uma vítima inocente dos erros das agências de rating.
Parabéns Ricardo pela tua analise fabulosa.
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