Zero. É redondo, eu sei, anafadinho. Nos tempos em que gordura era formosura há-de ter sido um número belo. Hoje, o zero só vale à direita. Seja do que for.
Na política, um zero à direita tem valor, mesmo quando é um zero à esquerda e se posiciona no lado canhoto do hemiciclo.
É o preconceito contra o lado certo da coisa. O zero é nada. Nada é o que nós temos e o que a política dominante nos oferece todos os dias: zero.
As agências funerárias do povo gerem as expectativas do poder, mascaradas de ratings. Dizem elas que são árbitro. Melhor, avaliam. Avaliam quanto vale o que temos e o que produzimos. Não avaliam o que queremos nem o que não produzimos porque não nos deixam. E são os mesmos que fazem de árbitro em todo o sistema. Quem são eles? Ninguém sabe ao certo. Serão uma entidade abstracta, filosófica ou qualquer coisa parecida.
Hoje, o nosso Escudo vale zero. Há uns anos, valia pouco, mas pouco é melhor que nada. Por incrível que pareça, quando 200 escudos valiam 1 euro, 200 escudos tinham mais valor que 1 euro. Eu explico: Comprávamos mais com 200 escudos do que passámos a comprar com 1 euro, no minuto a seguir a entrar em vigor.
Para que serviu o euro? Nada. Para o comum dos mortais, nada. Serviu para conter os salários, logo, reduzir custos de produção, o que, associado ao aumento de preços, explica a paixão do capital e dos governos capitalistas pela moeda única.
Somos governados por zeros à direita. E, curiosamente, parecemos gostar.
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
sexta-feira, março 26, 2010
Nada
tags e tal:
crise,
economia,
pcp,
relações laborais
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Põe-te a mexer...
Caros Matosinhenses.
A hipocrisia é uma homenagem que o vício presta à virtude.
A intolerância irracional de muitos escusa ou justifica a hipocrisia ou dissimulação de alguns!!!
Repto:
SCUT A29, A28 e A41 alguém se preocupa com a sua introdução?
As colectividades ou associações em Matosinhos já se manifestaram contra esta medida?
Vá lá sejamos coerentes connosco mesmo.
BOM SENSO é o que nos falta...
Saudações Marítimas
José Modesto
Enviar um comentário