quarta-feira, março 10, 2010

Olé!

Na semana passada fui à bola. Há anos que não via o Leça no nosso estádio, porque só há um domingo à tarde por semana e, por norma, passo-o trabalhar. O nosso estádio deixou-me triste, também pelas pessoas que não tem nas bancadas, que ajudariam com certeza a esconder a degradação. São os custos do tombo do Leça, pois claro, de que um dia talvez fale aqui. Mas isso são outros quinhent(inh)os.

Tive a sorte de ver o Leça espetar cinco secos ao Pedrouços. Sofremos um golito, pronto, não porque o adversário tenha merecido, mas só porque somos boa gente. E fomos descaradamente roubados, porque o Leça é sempre roubado e, mesmo quando ganha por cinco, merece ganhar por seis.

Vi o jogo ali por baixo do aquário do speaker. Eu não acho que o Leça deva ter um speaker. Que tenha antes um falador ou, no máximo, o homem da sonora. Ao lado estavam uns infiltrados do Pedrouços, na bancada coberta, porque estava a chover muito e não queremos os nossos adversários doentes; queremo-los vivos e de boa saúde para que possamos ganhar-lhes.

Minutos depois de o Pedrouços chegar ao golo de honra, as coisas aqueceram, mas só no relvado. O Leão pediu penalty e, da bancada, surgiram os insultos - os leceiros insultavam o Leão e o avançado que estragou a nossa relva; a malta de Pedrouços insultava o árbitro. A Esperança desceu da bancada, indignada com a ousadia do Leão, e foi à rede chamar-lhe malcriado. Malcriado, sim. E chamou-lhe malcriado e mandou-o de volta para a útero da mãe que o deu à luz, mas sem o eufemismo.

A beleza do futebol está nestas coisas. Na emotividade e irracionalidade da coisa. Nos desabafos que se ouvem nas bancadas e que despejam uma semana inteira de frustrações. Há no futebol a coisa muito portuguesa de piscar o olho e estalar a língua, com um sorriso malandro, sempre que um adversário perde e nós ganhamos. É assim e é bem, porque é democrático e acontece a todos.

A indignação politicamente correcta com os assobios e os olés ficarão bem diplomaticamente, mas caem mal nos adeptos e não é difícil perceber porquê. Ao contrário dos jogadores do Leça, a quem se perdoa facilmente um pontapé na atmosfera ou um golo certo perdido à boca da baliza, os jogadores de futebol que representam a selecção nacional ganham num ano aquilo que muitas pessoas não ganham numa vida de trabalho. Por isso, têm de jogar sempre como se fosse a última vez.

Ao contrário do que diz o seleccionador, não são os adeptos que não devem ir ao estádio se vão para assobiar a equipa; são antes os jogadores que não devem entrar em campo se não estão preparados ou motivados para fazer aquilo que leva as pessoas a pagar bilhete: jogar futebol.

O facto de a estrela da companhia ter dito que "[o jogo com a China] não conta para nada", terá ajudado à assobiadela. Até o presidente da Liga veio lamentar os assobios, mas ainda não vi qualquer lamento, reflexão ou opinião com o facto de cada jogo da segunda prova mais importante do futebol luso ter uma média de 807 espectadores por jogo. É uma questão de prioridades, claro.

1 comentário:

JOSÉ MODESTO disse...

"Plano Municipal de Emergência Aprovado"
C.M.MATOSINHOS.

Bem...agora está feito,no entanto pergunto:
Todas as instituições foram ouvidas?

Não responda antes de ter escutado...

Saudações Marítimas
José Modesto