Há 5Dias assim. Há 5 dias, o Renato e a Raquel davam como exemplo a plataforma 15O para a democracia mais pura, os amanhãs que cantavam para um Povo dividido entre precários, não precários, sindicalizados e não sindicalizados, onde a CGTP incorpora os demónios, ao que parece, porque os militantes do PCP são eleitos pelos seus pares para cargos de direcção na Intersindical.
Ao que parece, a CGTP tem seguranças que não deixam as pessoas participarem livremente nas suas manifestações e ainda está de braço dado com os malvados polícias, fazendo cordões à volta de manifestantes que só na cabeça destas duas almas são indesejados.
No sábado, a plataforma 15O não repetiu os feitos anteriores no que respeita à mobilização. É assim que funciona quando a imprensa não nos leva ao colo ou passa 15 dias a falar sobre a coisa.
Curiosamente, no sábado ficámos a saber que a plataforma 15O também tem seguranças e, pasme-se, veda o acesso à manif a um conjunto de cidadãos com recurso aos malvados polícias. Entenda-se que fizeram bem. Eu também não estaria numa manifestação com fascistas, o que leva a duas perguntas:
Quem garante que nas outras manifs não estariam as mesmas pessoas, não identificadas, já que, pelo menos nas primeiras, não havia um fio condutor de linha política, uma alternativa ou um plano de acção claro e ideológico?
Agora que a plataforma 15O assumiu que tem seguranças e que recorre à polícia para circunscrever manifestantes a um espaço delimitado, qual será o argumento para atacar a CGTP, para além do PCP que, ao que parece, é um alvo crónico de um movimento tão agregador?
Na sexta, comentei o texto acima linkado avisando que “todos juntos, lado a lado, cada um com a sua política (e o seu pensamento) nas mãos. E se o logramos certamente também com uma garrafa de champagne, para celebrar a vitória" era uma afirmação perigosa. Todos é muita gente. Como se provou, cuspir para o ar em dias em que não há vento pode ser um problema.
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
segunda-feira, janeiro 23, 2012
Do 8 ao 80 em 5Dias
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quarta-feira, janeiro 18, 2012
Filhos da puta
Boa noite. Já aqui escrevi que, para mim, o que a sul do Mondego é um "palavrão", a norte é uma interjeição. "Filhos da puta" foi o que me saiu ontem quando soube do acordo de amigos que o sindicato dos patrões, a UGT, assinou ontem com o governo e os outros sindicatos dos patrões, a CIP e os latifundiários, perdão, os representantes dos patrões dos agricultores, que latifundiário é coisa de comuna.
A UGT vendeu, mais uma vez, os direitos mais básicos dos trabalhadores. O direito ao descanso, à estabilidade laboral, à negociação colectiva, abriu porta à arbitrariedade dos patrões na decisão da vida de cada um de nós. Sim, patrões. Empregadores o caralho, é que são empregadores. São patrões, tanto como eu sou trabalhador e não sou colaborador.
Uma central que se afirma sindical e que assina um pré-aviso como o que podem ver no post abaixo, não pode refugiar-se no acordo com a troika, assinado pelo PS, PSD e CDS, que prometeu combater. Passos Coelho afirmou, na altura da assinatura, que tinham sido mais ambiciosos e ido mais além do que estava previsto no memorando. Filhos da puta.
Vários dos pontos assinados são quase inacreditáveis. Os bancos de horas aplicados aos trabalhadores agrícolas, que os levará a trabalhar de sol a sol, como há 100 anos. A sustentabilidade da Segurança Social, que nos obriga a trabalhar cada vez mais, mas que vai pagar parte do salário que cada trabalhador tem direito a receber. A redução dos dias de férias, de 25 para 22 dias, tirando as pontes que patrões entendam fazer. Aqui, convém lembrar que o aumento de 22 para 25 dias de férias surgiu precisamente porque os patrões não quiseram pagar prémios de assiduidade: quiseram "dar" os dias de férias. A abertura aos despedimentos arbitrários. A redução no pagamento das horas extraordinárias, enfim, tudo o que consta naquelas 52 páginas, tão filhas da puta.
Evidentemente, a luta sairá à rua e será mais contundente, cada vez mais contundente. Até ao derrube do último filho da puta que acha que fala em nome dos trabalhadores ao lado dos patrões.
Para o amigo Proença, as coisas não são más. Que pouca ou nenhuma vergonha este senhor tem na cara, já pouca gente teria dúvidas. Espanta-me, porém, que ainda haja sindicatos que fazem parte daquela espécie de associação de amigos.
Assim, lanço o humilde apelo aos trabalhadores dos seguintes sindicatos, para que tenham coragem e se desvinculem de quem não os defende e tinha obrigação de o fazer. Confiram a lista e façam a única coisa que é aceitável fazer: "partir a espinha à UGT".
FEBASE - Federação do Sector Financeiro
FE - Federação dos Engenheiros
FETESE – Federação dos Sindicatos da Indústria e Serviços
FNE - Federação Nacional da Educação
FNSTP - Federação Nacional Dos Sindicatos Dos Trabalhadores Portuários
FENSIQ – Confederação Nacional de Sindicatos de Quadros
ANTF - Associação Nacional dos Treinadores de Futebol
BANCA DOS CASINOS - Sindicato Profissionais de Banca dos Casinos
SBC - Sindicato dos Bancários do Centro
SBN - Sindicato dos Bancários do Norte
SBSI - Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas
SDPA - Sindicato Democrático dos Professores dos Açores
SE - Sindicato dos Enfermeiros
SE - Sindicato dos Economistas
SEMM - Sindicato dos Engenheiros Marinha Mercante
SETAA - Sindicato da Agricultura, Alimentação e Florestas
SETACCOP - Sindicato da Construção, Obras Públicas e Serviços Afins
SIARTE - Sindicato das Artes e Espectáculos
SINAFE - Sindicato Nacional Ferroviários do Movimento e Afins
SINAPE - Sindicato Nacional dos Profissionais da Educação
SINCOMAR - Sindicato dos Capitães Oficiais da Marinha Mercante
SINDAV – Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Aeroportos e Aviação
SINDCES - Sindicato Democrático do Comércio, Escritórios e Serviços
SINDEFER – Sindicato Nacional Democrático da Ferrovia
SINDEL - Sindicato Nacional da Indústria e da Energia
SINDEP - Sindicato Nacional e Democrático dos Professores
SINDEPESCAS - Sindicato Democrático das Pescas
SINDEQ - Sindicato Democrático da Energia, Química, Têxteis e Indústrias Diversas
SINDESCOM - Sindicato dos Profissionais de Escritório, Comércio, Indústria, Turismo, Serviços e Correlativos das Ilhas de S. Miguel e Santa Maria
SINDETELCO - Sindicato Democrático dos Trabalhadores das Comunicações e dos Média
SINDITE - Sindicato dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica
SINFA - Sindicato Nacional de Ferroviários e Afins
SINFESE - Sindicato Nacional dos Ferroviários Administrativos, Técnicos e de Serviços
SINTABA/AÇORES - Sindicato dos Trabalhadores Agro-Alimentares da Região Autónoma dos Açores
SINTAP - Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos
SINTICAVS - Sindicato Nac. Trab. Ind. Cerâmicas, Cimento, Abrasivos, Vidro e Similares
SISEP - Sindicato dos Profissionais de Seguros de Portugal
SITEMA - Sindicato dos Técnicos de Manutenção Aeronaves
SITEMAQ - Sindicato da Mestrança e Marinhagem da Marinha Mercante, Energia e Fogueiros de Terra
SITESC - Sindicato dos Quadros, Técnicos Administrativos, Serviços e Novas Tecnologias
SITESE - Sindicato dos Trabalhadores e Técnicos de Serviços
SITRA - Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes
SMAV - Sindicato dos Meios Audiovisuais
SMMCMM - Sindicato da Mestrança e Marinhagem de Câmaras da Marinha Mercante
SNATTI - Sindicato Nacional das Actividades Turísticas Tradutores e Intérpretes
SNEET - Sindicato Nacional dos Engenheiros, Engenheiros Técnicos e Arquitectos
SNPVAC - Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil
SOEMMM - Sindicato dos Oficiais e Engenheiros Maquinistas da Marinha Mercante
SPCL - Sindicato dos Professores nas Comunidades Lusíadas
SPZC - Sindicato dos Professores da Zona Centro
SPZN - Sindicato dos Professores da Zona Norte
SQAC - Sindicato dos Quadros da Aviação Comercial
STAS - Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Seguradora
STE - Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado e de Entidades com Fins Público
STECAH - Sindicato dos Trabalhadores de Escritório e Comércio de Angra do Heroísmo
STVSIH - Sindicato dos Técnicos Vendas do Sul e Ilhas
UGT/PESCAS - Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector das Pescas
terça-feira, janeiro 17, 2012
UGT, Mário Crespo e Arménio Carlos
Parte 1: Arménio Carlos, da CGTP, dá uma tareia a Mário Crespo.
Aqui, o que a UGT assinou como pré-aviso da Greve Geral.
Comparar com o que esta central "sindical" assinou ontem:
1 - Indemnizações descem em Novembro
2 - Cortes alargados a casos de justa causa pelo trabalhador
3 - Fundo no final do ano
4 - Menos férias só a partir de 2013
5 - ‘Pontes' podem implicar fecho da empresa ou perda de salário
6 - Cortes nas horas extra
7 - Subsídio pode acumular com salário
8 - Subsídio para "recibos verdes" pode atrasar
Aqui, o que a UGT assinou como pré-aviso da Greve Geral.
Comparar com o que esta central "sindical" assinou ontem:
1 - Indemnizações descem em Novembro
2 - Cortes alargados a casos de justa causa pelo trabalhador
3 - Fundo no final do ano
4 - Menos férias só a partir de 2013
5 - ‘Pontes' podem implicar fecho da empresa ou perda de salário
6 - Cortes nas horas extra
7 - Subsídio pode acumular com salário
8 - Subsídio para "recibos verdes" pode atrasar
segunda-feira, janeiro 16, 2012
Cinco ‘tiros’ na unanimidade
Texto publicado no Facebook do Movimento por Leça e da responsabilidade do mesmo, que subscrevo na íntegra.
A Assembleia Municipal de 12 de Janeiro de 2012, na Câmara de Matosinhos, tinha tudo para ser histórica. Ficou lá perto, e deixou história para contar…
Primeiro ‘tiro’
Com a iminente realização da Assembleia Municipal convocada para apreciação, discussão e votação de uma deliberação da Assembleia sobre o Eixo 2 do Documento Verde da Reforma da Administração Local, proposto pelo Governo português, entendeu o presidente da Assembleia Municipal, sensibilizado para o efeito e sensível à sugestão, auscultar este Movimento de cidadãos e suprapartidário num encontro que permitiu a todas as partes empenhadas na defesa das Freguesias do concelho acertassem a redacção final de um documento que, foi-nos dito, seria aprovado unanimemente pelas forças partidárias representadas no arco parlamentar local.
O senhor presidente da Assembleia Municipal também fez saber que tentou incluir, infrutiferamente, representantes de um movimento de cidadãos da Freguesia de Guifões, reconhecendo, por outro lado, e no que respeita ao Movimento Por Leça, o dinamismo que este mesmo Movimento tem exibido na defesa da sobrevivência da Freguesia de Leça da Palmeira.
A forma tão activa como o MPL está empenhado desde a primeira hora de vida nesta questão, esforço, fundamentou, portanto, a participação deste Movimento numa reunião onde, e obviamente, ao MPL não poderia ser solicitado algo mais que considerações ou propostas acerca do documento a sufragar pelos deputados da Assembleia Municipal.
Com mais ponto ou menos vírgula, o texto da deliberação reuniu aspectos vitais à defesa de Leça da Palmeira (e de todas as freguesias do concelho), principalmente no ponto 9 das deliberações: «Considerar que, face à dimensão territorial e populacional do concelho de Matosinhos, o número de freguesias actualmente existente é o que melhor serve os interesses da população e a prestação do serviço público;».
Pouco mais à frente no documento, outro ponto de vista interessante, apelativo, denunciador de uma vontade de elevar a importância dos cidadãos acima de tudo na discussão das vidas de todos nós, saltou à vista. «12.º - Não participar em qualquer processo conducente à eliminação de freguesias do concelho de Matosinhos sem que, previamente, qualquer modelo de reforma do Poder Local obedeça ao princípio democrático da consulta popular e de participação de toda a população;».
Ora, estes e todos os pontos, e todas as vírgulas, e todas as palavras, enfim, todo o conteúdo do documento mereceu o mais concordante dos sins nessa reunião, e sem novidade ou surpresa, do ponto de vista dos políticos presentes, pois todos estavam já mais que a par do conteúdo do documento e das vontades expressas no mesmo.
Só o MPL não sabia o que lá estava, mas foi-nos facultado acesso prévio e a possibilidade de intervirmos antes de ser formalizada a redacção final da deliberação, preparada, naturalmente, com o contributo de todas as forças partidárias actuantes na Assembleia Municipal.
Do gesto do senhor presidente da Assembleia Municipal para com o MPL, não se cansa o Movimento de dizer: registámos, com um aplauso e um sentido elogio, a atitude demonstrativa de uma visão muito mais madura de quem também está à frente de uma equipa, na qual confia cegamente, e bem, mas não menospreza outros argumentos contributivos a uma discussão, a uma preocupação, a um combate que não é exclusivo dos políticos. No gesto do senhor presidente da Assembleia Municipal ficou, para nós um assinalável exemplo, porque ouvir ‘forças vivas’ é também ouvir os cidadãos de todas as formas possíveis, ou seja, para lá das Assembleias destinadas a esse efeito e onde o público apenas pode intervir uma única vez.
A reunião foi ainda um momento para o Movimento Por Leça reparar sem esforço numa pequenina diferença do tamanho do Mundo entre a vontade expressa na Deliberação da Assembleia Municipal e a convergência de ideias explanada e aprovada por unanimidade, ainda em 2011, em documento do mesmo carácter, mas pela Assembleia de Freguesia de Leça da Palmeira: um derrame de fundamentações que, essencialmente, apontava a uma inversão de posições - Leça da Palmeira passaria a ser freguesia agregadora, em vez de agregada.
«Isso é passado», disse-nos o senhor presidente da Junta de Freguesia de Leça da Palmeira, também presente nesse encontro. Efectivamente, tinha razão, «isso é passado». Felizmente, tinha razão, «isso é passado».
Mas o passado é o que faz a memória de todos, e a memória, viva, fresca, é o reservatório dos exemplos do que queremos e não queremos para o futuro. O presente oferece-nos a possibilidade de interferirmos com o nosso destino, que desejamos ser o da sobrevivência da Freguesia de Leça da Palmeira, acima de todos e quaisquer interesses políticos, ainda assim, sem rejeitarmos que esses mesmos interesses devem concorrer unidos neste combate, mas há ilusão neste pormenor, como tão bem nos demonstrou a última Assembleia Municipal.
A admissão, pelos deputados do concelho, em subscreverem de forma unânime um não redondo e sonoro à extinção de quaisquer freguesias no município, e que fora comunicada ao MPL pelo senhor presidente da Assembleia Municipal na reunião prévia, foi cinzelada à última hora e amputada de cinco vozes a favor, o mesmo número de abstenções recolhidas na votação, todas pertencentes à mesma bancada: a do PSD.
A Deliberação municipal foi aprovada sem votos contra e por uma maioria onde cabe o senhor presidente da Junta de Freguesia de Leça da Palmeira, que acertou ao juntar-se a todos os que validaram a ideia de o município estar contra a extinção de qualquer uma das suas freguesias. Uma Deliberação que também é um ‘tiro’ na posição mais local e aprovada de forma unânime, a tal que, concordamos em absoluto e com grande satisfação, é passado.
Olhando a passado, presente e futuro, o Movimento Por Leça segue instalado no seu propósito original: defender a sobrevivência da Freguesia de Leça da Palmeira. Somos um grupo de cidadãos que não se apresenta estanque em número de integrantes, que é suprapartidário e que procura, mesmo com recursos limitadíssimos, estar ao lado de todos os que têm os meios e poder institucional para exercer a luta por Leça da Palmeira, como é, precisamente, o caso do Executivo da Junta de Freguesia de Leça da Palmeira, do qual também já recolhemos elogios e ao qual também endossamos elogios sempre que as posições convergem.
A união de todos os leceiros nesta causa é utópica. Não acreditamos que todos os leceiros estejam do mesmo lado relativamente a esta matéria, mas fazemos por lutar por nós e pelos muitos e muitos que desejam a sobrevivência da Freguesia de Leça da Palmeira – e aí pensamos integrar uma maioria. Neste universo, há um saudável mosaico de ideias e de ideais, uma disparidade de pensamentos que pode e deve ser aplicada na busca de um objectivo comum a todos, tão comum quanto a imperfeição a que ninguém pode fugir.
SOMOS LEÇA!
sexta-feira, janeiro 13, 2012
Cobardia em Matosinhos - Dos Guilhermes ao PSD
cobarde
(francês couard)
Sinónimo Geral: COVARDE
Na noite de 12 de Janeiro foi dia - reparai na classe da antítese - de mais uma Assembleia Municipal em Matosinhos, desta vez para discutir a extinção das freguesias, Leça da Palmeira e Guifões, no caso. O propósito da AM era a aprovação de uma deliberação, por unanimidade, que rejeitava a aplicação do Eixo 2 do Documento verde ao concelho de Matosinhos. Na elaboração de documento participaram todos os partidos e um movimento de cidadãos, o Movimento Por Leça.
Cobardia I
Pretendia-se, assim, transmitir a ideia de unidade em torno de uma questão fulcral para as Freguesias. No entanto, numa verdadeira cambalhota à retaguarda, com mortal encarpado, o PSD de Matosinhos decidiu abster-se. Abster-se num documento que os próprios deputados municipais ajudaram a elaborar. Enquanto se preparava a votação, Guilherme Aguiar, do PSD, que chegou mais de uma hora depois do início da sessão, surgiu com um colar cervical, mas nem isso serviu para endireitar-lhe a espinha: depois do episódio do solitário, divulgado aqui no blog, estava tranquilamente a ler o jornal. Percebe-se. Afinal, o vereador da Câmara Municipal de Matosinhos precisa das senhas de presença para abastecer o carro da autarquia em que se desloca, todas as segundas-feiras, para Lisboa, onde vai debitar umas opiniões sobre futebol.
Cobardia II
No período aberto à intervenção do público, referi que um dos motivos para as cadeiras da autarquia não estarem cheias de munícipes, tinha a ver com o descrédito do Poder Local, que é visto como um espaço de mais uns tachos, amiguismo e compadrio e que a Câmara Municipal de Matosinhos não é inocente perante este facto. Ora, o presidente Guilherme Pinto tomou as dores de ofendido e acusou-me, umas quatro ou cinco vezes, de cobardia, porque não concretizei o que disse com nomes e com factos. Note-se aqui a anuência do presidente da Assembleia Municipal, que permitiu este tipo de linguagem ao presidente da CMM, pelo que, certamente, aceitará termos semelhantes que qualquer munícipe utilize em sessões futuras. Da minha parte, aviso já que irei utilizá-los.
Cobardia III
Ora, o presidente da CMM sabe que os munícipes têm cinco minutos para intervir e não têm direito ao contraditório na AM, pelo que não poderia aprofundar o que disse. No entanto, fica a promessa que, nos próximos dias, irei concretizar aquilo que afirmei na AM. Mais à frente, para surpresa de todos, o mesmo Guilherme Pinto, revelou que o governo está a preparar a fusão da administração dos portos do país e que até já tinha ouvido alguns nomes. No entanto, não concretizou, o cobarde. Não falou em nomes nem em factos.
Cobardia IV
Voltando à deliberação da AM, não gabo a sorte do PSD de Leça da Palmeira e de Guifões, que serão trucidados, e bem, em próximas sessões das Assembleias de Freguesias respectivas. No lugar deles, eu sei o que faria, mas isso sou eu.
(francês couard)
adj. 2 g. s. 2 g.
1. Que ou quem recua ante o perigo ou o medo.
2. Que ou quem agride à traição.
3. Que ou quem é valente com os mais fracos.
4. [Figurado] Tímido, acanhado.
Sinónimo Geral: COVARDE
in Priberam
Na noite de 12 de Janeiro foi dia - reparai na classe da antítese - de mais uma Assembleia Municipal em Matosinhos, desta vez para discutir a extinção das freguesias, Leça da Palmeira e Guifões, no caso. O propósito da AM era a aprovação de uma deliberação, por unanimidade, que rejeitava a aplicação do Eixo 2 do Documento verde ao concelho de Matosinhos. Na elaboração de documento participaram todos os partidos e um movimento de cidadãos, o Movimento Por Leça.
Cobardia I
Pretendia-se, assim, transmitir a ideia de unidade em torno de uma questão fulcral para as Freguesias. No entanto, numa verdadeira cambalhota à retaguarda, com mortal encarpado, o PSD de Matosinhos decidiu abster-se. Abster-se num documento que os próprios deputados municipais ajudaram a elaborar. Enquanto se preparava a votação, Guilherme Aguiar, do PSD, que chegou mais de uma hora depois do início da sessão, surgiu com um colar cervical, mas nem isso serviu para endireitar-lhe a espinha: depois do episódio do solitário, divulgado aqui no blog, estava tranquilamente a ler o jornal. Percebe-se. Afinal, o vereador da Câmara Municipal de Matosinhos precisa das senhas de presença para abastecer o carro da autarquia em que se desloca, todas as segundas-feiras, para Lisboa, onde vai debitar umas opiniões sobre futebol.
Cobardia II
No período aberto à intervenção do público, referi que um dos motivos para as cadeiras da autarquia não estarem cheias de munícipes, tinha a ver com o descrédito do Poder Local, que é visto como um espaço de mais uns tachos, amiguismo e compadrio e que a Câmara Municipal de Matosinhos não é inocente perante este facto. Ora, o presidente Guilherme Pinto tomou as dores de ofendido e acusou-me, umas quatro ou cinco vezes, de cobardia, porque não concretizei o que disse com nomes e com factos. Note-se aqui a anuência do presidente da Assembleia Municipal, que permitiu este tipo de linguagem ao presidente da CMM, pelo que, certamente, aceitará termos semelhantes que qualquer munícipe utilize em sessões futuras. Da minha parte, aviso já que irei utilizá-los.
Cobardia III
Ora, o presidente da CMM sabe que os munícipes têm cinco minutos para intervir e não têm direito ao contraditório na AM, pelo que não poderia aprofundar o que disse. No entanto, fica a promessa que, nos próximos dias, irei concretizar aquilo que afirmei na AM. Mais à frente, para surpresa de todos, o mesmo Guilherme Pinto, revelou que o governo está a preparar a fusão da administração dos portos do país e que até já tinha ouvido alguns nomes. No entanto, não concretizou, o cobarde. Não falou em nomes nem em factos.
Cobardia IV
Voltando à deliberação da AM, não gabo a sorte do PSD de Leça da Palmeira e de Guifões, que serão trucidados, e bem, em próximas sessões das Assembleias de Freguesias respectivas. No lugar deles, eu sei o que faria, mas isso sou eu.
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quinta-feira, janeiro 12, 2012
Quarto escuro*
Acabou, finalmente, o ano de 2011. O pleonasmo é forçado, mas confesso que estava ansioso. A verdade é que foi um ano muito, muito difícil para a generalidade dos portugueses, que foram chamados a escolher os deputados que queriam ver representados na Assembleia da República. Pelo meio, uns fugiram, de fininho, para França, na esperança para obterem mais estudos, numa premonição do que viria a ser a palavra de ordem do governo entretanto eleito: emigrai. De perto, seguiu-se a família de uma cadeia de hipermercados, que vai pagar menos 10 por cento de impostos, mas na Holanda. Fica o aviso: na Holanda vai deixar de ser permitido vender produtos derivados da cannabis a estrangeiros.
O povo escolheu quando não sabia o que ia escolher. O pacto de agressão do FMI já estava alinhavado e faltava aplicá-lo. O povo escolheu, pois, de olhos vendados, às escuras, enganado pelos apelos da resignação e da inevitabilidade.
Com a agressão externa de que o país está a ser vítima, está em marcha a privatização de tudo o que são serviços públicos e daquilo que deve ser o Estado. Daquilo que o Estado tem obrigação de dar a quem paga impostos. Curiosamente, este Estado é o mesmo que não quis tributar dividendos de accionistas dos grupos
cobrados em bolsa, no ano passado.
Sendo realista, a pior notícia de 2011 foi o início de 2012. A menos que o povo saiba travar o retrocesso. E há duas formas de travar; ou se trava parado à espera do impacto ou se trava avançando. Com confiança.
*Publicado, originalmente, no jornal Notícias de Matosinhos
O povo escolheu quando não sabia o que ia escolher. O pacto de agressão do FMI já estava alinhavado e faltava aplicá-lo. O povo escolheu, pois, de olhos vendados, às escuras, enganado pelos apelos da resignação e da inevitabilidade.
Com a agressão externa de que o país está a ser vítima, está em marcha a privatização de tudo o que são serviços públicos e daquilo que deve ser o Estado. Daquilo que o Estado tem obrigação de dar a quem paga impostos. Curiosamente, este Estado é o mesmo que não quis tributar dividendos de accionistas dos grupos
cobrados em bolsa, no ano passado.
Sendo realista, a pior notícia de 2011 foi o início de 2012. A menos que o povo saiba travar o retrocesso. E há duas formas de travar; ou se trava parado à espera do impacto ou se trava avançando. Com confiança.
*Publicado, originalmente, no jornal Notícias de Matosinhos
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segunda-feira, janeiro 09, 2012
"Angelada", o mentor de Passos Coelho
No segundo governo liderado por Pinto Balsemão, em 1981, Ângelo Correia e Carlos Encarnação foram, respectivamente, ministro da Administração Interna e secretário de Estado da Administração Interna. Seis dias após ter tomado posse, Ângelo Correia delegou no comandante-geral da PSP, entre outros poderes, colocar oficiais, comissários, funcionários de secretaria e exonerar agentes da Polícia. O VIII governo constitucional durou pouco mais de um ano, mas Ângelo Correia ficou para a história pelos ataques à democracia levados a cabo na Greve Geral de 12 de Fevereiro de 1982 e pelas cargas contra trabalhadores no 1.º de Maio do mesmo ano, que causaram dois mortos e dezenas de feridos.
O termo "angelada" ficou celebrizado por ter sido utilizado pel'O Jornal. No dia da Greve Geral, foram detidas três pessoas que nada tinham a ver com a Greve, mas foi suficiente para Ângelo Correia lançar um ataque à CGTP e ao PCP, dizendo que estava em marcha "um plano subversivo e desestabilizador tendente a alterar a ordem democrática". Nos três dias seguintes, o governo apresentou três versões diferentes dos factos, o que motivou a chacota da imprensa.
Sobre esta "inventona", como também ficou célebre, O Jornal escreveu: "Exemplos maiores de actuações lesivas da democracia, pelas quais deve ser responsabilizado o governo, a manipulação da rádio e da televisão e a "angelada" foram o prolongamento ideológico das bastonadas autênticas que a Polícia de Intervenção desferiu no Rossio, no próprio dia da Greve.
As celebrações do 1.º de Maio, no Porto, ficaram marcadas pela morte de duas pessoas e dezenas de feridos. O Governo Civil do Porto havia requisitado a PSP para a baixa portuense, sob pretexto de "proteger" a UGT. Nesse dia, a Polícia atingiu pelas costas um jovem de 24 anos e um outro, de 18, no maxilar.
Adaptação do livro "Sindicalismo na PSP - medos e fantasmas em regime democrático", da autoria de António Bernardo Colaço e António Carlos Gomes
Somos hoje governados pelo delfim de Ângelo Correia. Qualquer semelhança com ambientes repressivos 20 anos depois, é pura coincidência.
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