terça-feira, outubro 31, 2006

Ministra do Diálogo

Maria de Lurdes Rodrigues quebrou o protocolo e acedeu a participar numa reunião informal, extra-agenda, com alunos que protestavam à porta de uma escola de Vila do Conde. Ao contrário dos professores, que andam há que tempos a penar por serem ouvidos pela ministra, os alunos tiveram mais sorte.

Não sei qual terá sido a reacção de Sócrates, que já fez questão de afirmar que ignora os protestos, numa espécie de birra que berra mais alto do que as reivindicações dos docentes; fazendo doer os ouvidos à opinião pública em geral e a alguns sectores do partido do Governo em particular.

Desconfio das verdadeiras intenções das ministra. Talvez estivesse à espera de encontrar meia-dúzia de "baldas" que aproveitaram a deslocação da responsável pela educação em Portugal para não terem aulas. Parece que não foi bem assim.

Por outro lado, os professores tiveram um azar enorme. Logo num dia em que não acompanharam a agenda da ministra, ela decidiu encontrar-se com uma delegação dos manifestantes. Será que a ministra tem medo de argumentar com os professores? Será que só recebe delegações de contestatários às segundas de manhã?

Mas nem tudo foi mau. A ministra acabou por dar a mão à palmatória e revelar aquilo que as aulas de substituição não devem ser.
Por outro lado, também não disse o que devem ser.
O impasse continua. A luta dos professores, alunos, pessoal não docente e pais também.

1 comentário:

José Carrancudo disse...

Lutar devemos, mas pelas coisas mais fundamentais.

O País está em crise educativa generalizada, resultado das políticas governamentais dos últimos 20 anos, que empreenderam experiências pedagógicas malparadas na nossa Escola. Com efeito, 80% dos nossos alunos abandonam a Escola ou recebem notas negativas nos Exames Nacionais de Português e Matemática. Disto, os culpados são os educadores oficiosos que promoveram políticas educativas desastrosas, e não os alunos e professores. Os problemas da Educação não se prendem com os conteúdos programáticos ou com o desempenho dos professores, mas sim com as bases metódicas cientificamente inválidas.

Ora, devemos olhar para o nosso Ensino na sua íntegra, e não apenas para assuntos pontuais, para podermos perceber o que se passa. Os problemas começam logo no ensino primário, e é por ai que devemos começar a reconstruir a nossa Escola. Recomendamos vivamente a nossa análise, que identifica as principais razões da crise educativa e indica o caminho de saída. Em poucas palavras, é necessário fazer duas coisas: repor o método fonético no ensino de leitura e repor os exercícios de desenvolvimento da memória nos currículos de todas as disciplinas escolares. Resolvidos os problemas metódicos, muitos dos outros, com o tempo, desaparecerão. No seu estado corrente, o Ensino apenas reproduz a Ignorância, numa escala alargada.

Devemos todos exigir uma acção urgente e empenhada do Governo, para salvar o pouco que ainda pode ser salvo.