quinta-feira, fevereiro 09, 2012

UG Quê?*

No mês passado assistimos ao mais violento retrocesso social em matéria laboral de que há memória. João Proença, voz do dono da UGT – sim, do dono da UGT – fez o triste papel de representante dos trabalhadores. De quais, ninguém sabe ao certo.

Sabemos, sim, que a “vitória” conseguida por Proença e pela UGT dar-nos-á tudo aquilo que, ao longo de décadas, fizemos por perder, algumas ainda no tempo do fascismo. A meia-hora que a UGT alega ter vencido cai em saco roto quando pensamos no banco de horas que estará sujeito à discricionariedade do patrão. Mais a facilidade dos despedimentos, mais tudo aquilo que consta em 52 páginas em que apenas a redução de direitos laborais é factual. O resto é uma declaração de intenções. 

A UGT cumpriu o papel que lhe estava estabelecido desde a sua fundação, apadrinhada por Mário Soares e pelos interesses norte-americanos, e que, ao longo dos anos. Enganou os trabalhadores, colando-se a eles na Greve Geral por mero interesse político, e cauciona um acordo inenarrável para qualquer pessoa com dois dedos de testa. Aliás, enquanto a UGT tentava justificar o injustificável com o memorando da Troika, que o partido do qual Proença faz parte assinou, o primeiro-ministro dizia que o acordo tinha ido além do memorando. Depois vieram os elogios dos comentadores do regime e dos patrões do governo.

Se é verdade que as atitudes de Proença e da UGT já não surpreendem, o facto de ainda haver trabalhadores que se vejam nelas representados é, para mim, um mistério.



*Publicado originalmente na edição de Fevereiro do Notícias de Matosinhos

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