Mais vale tarde que nunca. O sindicalista-modelo do BE descobriu ontem que os patrões - administradores é mais fashion - da Autoeuropa estavam de má-fé no processo negocial com os trabalhadores - colaboradores. Depois de, nos últimos anos, ter passado o tempo a assinar de letra tudo o que era determinação dos donos da empresa para flexibilizar direitos e remunerações, o sindicalista parece que teve uma viragem qualquer, positiva, diga-se.
Como é evidente, os tempos de crise favorecem a exploração dos assalariados por parte de quem possui os meios de produção. E as cedências dos assalariados perante os desígnios do patronato não são mais do que negar a luta de classes, na medida em que os interesses das duas camadas são bem diferentes.
A Comissão de Trabalhadores (CT), liderada pelo António Chora, cedeu em todas as frentes, com uma ingenuidade que já não se usa, depois do que nos ensina a história do sindicalismo e das lutas dos trabalhadores. Aliás, a CT demonstrou ontem mesmo ser mais papista que o Papa, dizendo que os patrões não disseram aquilo que, passados dois minutos, disseram através de uma carta enviada a todos os trabalhadores.
A lição está dada. O capital não perdoa deslizes. Quando os trabalhadores cedem, a exploração avança. Seja a cobro da crise, da deslocalização ou da lei da oferta e da procura. Humanizar o capitalismo é o mesmo que humanizar uma pedra. Podemos esculpi-la de maneira a ganhar forma humana, mas continuará a ser isso mesmo: uma pedra. Mantendo todas as características que a fazem ser o que é.
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
quinta-feira, maio 21, 2009
Agora, Chora!
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4 comentários:
Quem não se lembra do artigo de Chora sobre o futuro do sindicalismo? Até os bloquistas ficaram chocados quando acusou os sindicatos de se "agarrarem aos postos de trabalho".
http://www.rostos.pt/inicio2.asp?mostra=2&cronica=110797
Abraço
Há tanta gente que não se lembra... E outros tantos que querem fazer esquecer!
Parece que tudo que o Chora aprendeu foi no PCP, que aliás fez uma boa escola Daniel Oliveira, Miguel Portas, Vital Moreira, Mário Lino, Pina Moura, Celeste Cordona, Zita Seabra .... a verdadeira da actual social-democracia :-D
De certeza k aprendeu. mas, como todos esses, esqueceu depressa!
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