No mesmo dia em que José Sócrates, "com seu ar grave e sério" - desculpa, Carlos Tê, merecias melhor - anunciou o que tinha desmentido há três dias, houve um episódio curioso, no Lidl que fica ao lado do bairro, ali para os lados de Leça.
Enquanto o Luís dizia de sua justiça sobre o melhor perfil de Sócrates, lá em casa comentava-se a situação do país, intervalada pelas tiradas da B. e do T., que ainda não percebem bem o que nos seduz nos noticiários e nas declarações do senhor que fala como se estivesse a dizer uma coisa que não lhe agrada.
Voltemos ao Lidl, que é mais barato e tem sempre promoções. Não, vamos antes ao FEEF, que mais não é do que o FMI e a UE juntos. Sócrates falou para desmentir o desmentido que o seu governo de gestão tinha feito durante a tarde a uma notícia do Financial Times. Portugal vai mesmo pedir "ajuda" externa. Mas foi a meio de uma semana difícil, compreende-se. Desde segunda-feira que os donos dos principais bancos, um a um, anunciaram que não emprestavam mais dinheiro ao Estado. O mesmo Estado que, não há muito tempo, havia criado um fundo para salvar o sistema bancário, mais a nacionalização dos prejuízos do BPN. Vem aí uma "ajuda" que exigirá cortes nos salários e possíveis supressões dos subsídios de férias e de Natal. São assim, as "ajudas" dos nossos irmãos europeus.
Horas antes. No Lidl. Uma senhora de idade, na casa dos 70, foi apanhada a roubar. Uma lata de sardinhas. O senhor segurança privado, orgulhoso, comentou com o senhor João: "Já a apanhámos". Não só a apanhou. Chamou a polícia. Sim, o segurança chamou a polícia por uma septuagenária ter roubado uma lata de sardinhas.
O senhor segurança há-de ter o que merece, agora, quando formos todos "ajudados". E quando ele próprio perceber no ridículo em que caiu - embora isso possa muito bem nunca acontecer.
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
quinta-feira, abril 07, 2011
O meu reino por uma lata de sardinhas
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