Passaram 38 anos desde o 25 de Abril de 74. Das conquistas
de então resta o que nós, enquanto herói colectivo da Revolução quisemos que
restasse. Entretanto, já nos idos anos 80, época do soarismo e do socialismo na
gaveta, regressou ao país o braço-armado económico da ditadura salazarista.
Passaram 38 anos e o país continua a ser governado nos bastidores pelo poder
económico de então, pelas mesmas famílias, pelos mesmos interesses, entretanto
com rostos renovados.
O retrocesso atroz que vivemos sente-se profundamente, até
na música, com gente que viveu e defendeu Abril a apelar agora a que se dêem os
restos aos pobrezinhos. Gente que ajudou Abril a ser o que foi e outros mais
jovens, que alegam defendê-lo, a darem a cara por uma campanha miserável de
caridadezinha tão à imagem da direita mais saudosista do fascismo.
A minha geração também tem culpa. Alguns vêem Abril como
ultrapassado, desvalorizando as suas comemorações. Outros, autarcas até, vão às
escolas explicar que Portugal viveu numa ditadura durante 30 anos e que o
Marcello Caetano era Presidente da República. Para isso mais vale estarem
quietos.
Publicado originalmente na edição de Maio do jornal Notícias de Matosinhos*
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