quinta-feira, junho 28, 2007

São Berardo

Ele (t)OPA tudo. BCP, PT, SLB, um museu e até manda directores embora por causa de uma bandeira (será?).

Joe Berardo, naquele madeirês americanizado, entreteve o país na última semana, ocupando horas e espaço de informação, numa altura em que Sócrates se prepara para aumentar a electricidade - mas só em Janeiro, porque agora vai descer -, acabar com a legislação laboral, alterar o regime jurídico das instituições de ensino superior e fazer passar por baixo da mesa o Tratado Europeu, ou Constituição Europeia, ou Pequeno Tratado Europeu, ou Carta de Recomendação Europeia, entre outros nomes que possam ser escolhidos.

Com Berardo, os 20.000 postos de trabalho que o norte do país perdeu em três meses, as 1.200 embarcações de pesca que vão ser abatidas passaram quase ao lado de tudo e de todos.

Berardo tem sido um verdadeiro santo para Sócrates, inundando a informação com OPAs e tudo o resto. Se calhar, só vamos pagar a factura daqui a dez anos, quando o milionário decide se fica ou não com a colecção do museu.

quarta-feira, junho 20, 2007

Nomes

O que eu acho mesmo mal, mesmo mal, é não podermos mudar o nome para um do nosso agrado. Ou melhor, chegarmos aos 16 ou 18 anos e sermos obrigados a mudar de nome.

Eu mudava já, para um mais original. Isto dos nomes não tem segredo: de tempos a tempos, há uma série de nomes que se acham muito lindos e que pouca gente tem e, depois, repara-se que são mais que as mães.

Não será o caso do senhor Jacinto Leite Capelo Rego, um dos nomes que recebeu um recibo por ter doado dinheiro ao CDS. Não é um nome comum, e muito menos comum é 4.000 pessoas efectuarem donativos que perfazem um total de 1.000.000 de euros. Certinhos.

Já mais normal é o conhecido Passos Dias Aguiar Mota, muito conhecido ali nos lados de Faro, pelo menos durante uma concentração que atrai milhares de pessoas.

Ou o próprio Adolfo Dias Fonseca Galhão.

A verdade é que dos dois últimos pouco de sabe. Do primeiro, sabe-se que milita no CDS-PP.

terça-feira, junho 12, 2007

10 de Junho - Dois anos e dois dias depois

Fez no dia 10 de Junho de 2007, dois anos e dois dias que escrevi assim, noutro blog:

"Percebi!

Sim, é verdade, cheguei a uma conclusão.
Há uns dias percebi, finalmente, por que é que estes senhores que nos governam jamais conseguirão mudar o rumo deste país.

Há três ou quatro semanas, num domingo à noite, desloquei-me à doca de Matosinhos para tentar perceber as sensibilidades dos pescadores em relação à crise que enfrentam.

Não podem pescar, porque o peixe que trazem para terra é demasiado pequeno. Se continuarem a pescar, correm o risco de, daqui a uns tempos, deixar de haver peixe.

Estava um vento gélido, junto ao mar, mas o calo fez daqueles homens imunes às adversidades do clima, e as camisolas de manga curta contrastavam com as minhas camisolas e casaco.

Os pescadores estavam divididos por um motivo muito simples: A necessidade é maior do que a moral.

Todos sabem que não podem ir ao mar porque vão acabar com o que lhes dá o pão. Mas ouvi, da boca de um dos mais novos: "Vamos ao mar. Sempre dá para trazer 10 euros e a caldeirada".

Dez euros. Para que servem 10 euros? Menos do que se paga numa discoteca da moda, voam num ápice. Mas dez euros são, para muitos - e cada vez mais -, uma questão de sobrevivência. É assim a vida destes homens que recebem ao dia em função daquilo que o mar lhes quer dar. É muito simples. A faina é fraca, não há dinheiro.

É isto que os senhores que governam e governaram Portugal não conhecem. Só conhecem a realidade dos pescadores de visitarem as lotas em tempo de campanha. Não percebem que a vida destes homens e de muito outros se faz de acções concretas e não de promessas, nem de boas vontades.


Narciso Miranda, a pensar nos pescadores, tomou já uma medida. Vai erguer um monumento a quatro naufrágios que ocorreram em 1947 e retiraram a vida a 150 homens do mar. Acho muito bem. Mas e os vivos...? É esta a prioridade do presidente da câmara?".

Passados dois anos e dois dias, Cavaco virou-se para o mar e decidiu apelar a que aproveitemos todas as potencialidades.

Mas virados para o mar já nós estamos e cada vez mais. Virados para os condomínios de luxo, à beira mar, que quase nos fazem sombra na areia.

Cavaco lembrou-se do mar que esqueceu enquanto foi Primeiro-ministro, como se lembra agora de quase tudo. Das dezenas e dezenas de fábricas de conserva que fecharam, só no concelho de Bouças, a.k.a Matosinhos.

Falou na nossa Zona Economica Exclusiva, uma das maiores, mas esqueceu-se da União Europeia e daquilo que (não) deixam pescar.

A memória de Cavaco é, afinal, como a da generalidade de todos nós, portugueses: Curta.

quarta-feira, junho 06, 2007

São os loucos de Lisboa...

O assunto não me diz (muito) respeito.

Mas estava a passear por aqui e fui levado até aqui.

Mas este não podia deixar de publicar:

Intervenção do PCP na Assembleia Municipal de Lisboa - 1 de Março de 2005 sobre o Parque Mayer:

Convencionados

A convenção do Bloco de Esquerda, que decorreu no passado fim-de-semana, foi (mais) um verdadeiro exercício mediático do padre Louçã e dos seus acólitos.

O carácter social-democrata de supostos revolucionários veio ao de cima, com as críticas à Greve Geral de 30 de Maio. Alinharam ao lado da direita e do Governo, procurando colar a decisão da CGTP às alegadas pressões do PCP. Para o BE não importa, por isso, que quase 1,5 milhões de portugueses tenham estado em greve, sem contar com muitos outros gostariam de a ter feito, mas não puderam, por pressões do patronato ou por motivos pessoais. O BE negou tudo isto e apontou baterias ao PCP.

Há cerca de 100 anos, estes senhores tinham um nome, eram mencheviques, e o seu grande objectivo era combater a Esquerda Revolucionária, deixando caminho livre para a propaganda burguesa. Sem o perceber (será que não percebe mesmo?), o Bloco vai dando argumentos ao Governo e aos detentores do poder económico para que questionem o movimento sindical.

Hoje, como há 100 anos, a burguesia chique-revolucionária ataca a esquerda e eleje-a como principal alvo. Exemplo mais claro é a festa para assinalar a reentrada no ano político. Uma iniciativa que, se não é para procurar rivalizar com a Festa do Avante!, para pouco mais servirá.

A Luta continua. A Festa, também.

terça-feira, junho 05, 2007

Jogada de mestre

O Irão está prestes a avançar, pela primeira vez na sua história, com um plano de racionamento dos recursos petrolíferos. Pode parecer absurdo, mas não é. O Irão é um país exportador de petróleo mas tem enormes dificuldades no que respeita à refinação.

Por isso, acabaram os preços baixos. Embora a gasolina sem chumbo 95 não deva chegar a 1,40 euro o litro.

No entanto, não deixa de ser uma jogada de mestre. Com este racionamento, que deverá gerar enorme descontentamento na população iraniana, Mahmoud Ahmadinejad ganha novas armas para defender o recurso às energias alternativas, particularmente, a nucluear.

Assim, retira argumentos aos sectores mais resistentes ao fomento do armamento nuclear, principalmente internacionais, e tem uma nova desculpa para apostar na criação de centrais. É ou não uma jogada de mestre?

Paz Fria
Quase 20 anos depois do fim da Guerra Fria, chega uma espécie de Paz Fria, com a ameaça de Putin sobre a Europa ocidental. A grande diferença: Há 20 anos, as ameaças tinham por base projectos sociais e políticos incompatíveis; hoje, têm por base caprichos pessoais. Entre esta paz e a outra guerra, venha a guerra.

segunda-feira, junho 04, 2007

Galicia - Hasta la victoria!

A manchete do Jornal de Notícias de hoje, pelo menos a ediçao para o norte, é tão verdadeira que chega quase a deprimente.

O norte de Portugal continua a perder competitividade, comparado com a Galiza, mesmo aqui por cima. O salário médio dos galegos é de 1240 euros; dos nortenhos é de 635. Dói, não dói?

Praticamente, o dobro. E, surpresa das surpresas - ou não - resulta, em grande parte, do investimento na indústria. A mesma indústria que foge de Portugal todas as semanas, por vários motivos, mas que não são, de certeza, os salários mais baixos. A mesma indústria que o Estado português foi revendendo aos exilados pós-Abril, então regressados para o ajuste de contas com a Revolução.

Enquanto o desemprego cresce em Portugal, e no norte em particular, atingindo máximos históricos em mais de duas décadas. Na Galiza, o desemprego atingiu o valor mais baixo dos últimos 25 anos.

Sócrates não mentiu. Disse que criaria 150.000 empregos. Pode criá-los. Segundo o próprio, criou já 40.000. Não mentiu, porque não disse que por cada emprego criado, três iriam para o desemprego.

A verdade não tem apenas uma face.