domingo, outubro 30, 2011

Pratos limpos

Ontem estive presente na concentração em frente à Junta de Freguesia de Leça da Palmeira, promovida pelo executivo da mesma, para lutar contra a agregação a Matosinhos. Estive presente enquanto membro do Movimento Por Leça, e, confesso, tenho feito um esforço tremendo para dissociar o esforço de convergência que os membros da Comissão Coordenadora do MPL defendem da minha opinião pessoal sobre muitos assuntos.

Ontem, digam os jornais o que disserem, a população não respondeu da forma que toda a gente esperava. Se estiveram entre 250 a 300 pessoas, foi muito. Talvez no jantar da noite, no restaurante Rochedo, tenha estado mais gente - nem sei se teve lugar, confesso - e não podemos esquecer que seria o jantar o "primeiro momento de luta contra a extinção da Freguesia".

Felizmente, depois de surgir o Movimento Por Leça, a Junta decidiu andar da perna e correr atrás do prejuízo, organizando uma série de iniciativas, algumas sobrepostas a outras já agendadas pelo Movimento. Ontem, falei em nome do Movimento, deixando passar ao lado a questão da moção reprovada pelo PS, PSD e CDS contra a extinção de freguesias, apresentada pela CDU na Assembleia Munucipal.
O Movimento surgiu com um propósito agregador, sem pretender retirar quaisquer dividendos políticos. E é assim que deve manter-se. Por isso, custa-me estar ao lado de quem apregoa a união, o espírito agregador e apressa-se, quando tem palco, em atirar na direcção da oposição, no caso o PSD, apesar de dizer, ao mesmo tempo, que esta não é uma luta partidária.

Não, não estou a defender o PSD, estou só a defender Leça da Palmeira. Para mim, o estado decadente a que o Poder Local chegou deve-se tanto ao PS como ao PSD. E, para quem não sabe, sou militante do Partido Comunista Português, nunca o escondi.
Mas o espírito de união não será construído com declarações como esta: «A nossa primeira grande acção é já no dia 4 de Novembro, com uma assembleia de freguesia extraordinária, onde vamos tentar envolver todos os partidos porque infelizmente, até à data, o PSD local não tem comparecido a nenhuma das nossas iniciativas, por isso achamos que chegou à altura do PSD, publicamente, deixar de enterrar a cabeça na areia, deixar de ser conivente com este Governo, esquecer os interesses partidários e olhar para o interesse comum, que é o interesse da freguesia”, criticou».

Sejamos claros e objectivos e recordemos, então, que esta medida já estava ser preparada pelo PS quando o Governo de Sócrates caiu, pela mão de Teixeira dos Santos.

Não é disto, neste momento, que Leça da Palmeira precisa. A avaliação e o comportamento político de todos os partidos deverá ser remetida para mais tarde, quando tivermos ganho esta batalha e Leça da Palmeira continuar a ser freguesia. Isto não é unir. É comprar guerras partidárias em lugar de centrar-se no essencial. E, por muito grande que seja o ego de alguns, o que interessa é Leça da Palmeira.

O presidente da Junta sabe que tenho legitimidade de perguntar-lhe, também, por que é que a delegação da Junta que deveria estar presente em frente à Câmara Municipal de Matosinhos, no dia da concentração organizada pelo Movimento, não apareceu. Ou antes, apareceu, mas já estava na sala onde a delegação do MPL viria a ser recebida pelo vereador Correia Pinto. Posso perguntar, também, se o presidente apenas não quis colar a Junta (PS) a uma concentração em frente a uma Câmara PS. Se não foi também uma questão de interesses partidários que levou o MPL a esperar por uma delegação da junta que nunca chegou - ou antes, que chegou bem antes de todos.

Obviamente, isto é um desabafo pessoal e não vincula o Movimento. E, caso assim entendam os membros do MPL e a sua Comissão Coordenadora, estou disponível para abandoná-la, continuando a desenvolver todos os esforços em prol de Leça da Palmeira enquanto Freguesia, independentemente da avaliação que faço de quem a dirige. Foi sempre o meu propósito, como, acredito, seja o de todos os membros do MPL.

SOMOS LEÇA!

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo com o teu ponto de vista e discordo quando colocas a hipótese remota de te afastares da Comissão Coordenadora do Movimento Por Leça.

Como sabes, não são ideiais políticos que me fazem estar no MPL, até porque, para mim, partidos, nem aos pedaços... Não me revejo em nenhum e não vejo jeitos de me rever. E mesmo que fosse de outra forma, colocaria igualmente, tal como tu colocas, Leça da Palmeira acima de qualquer símbolo, ideal ou credo.

Também partilho da dificuldade em gerir sentimentos quando vejo a questão de Leça de Palmeira ser adaptada a conveniências políticas, mas Leça da Palmeira merece o meu esforço em manter a mente despoluída desses ruídos, sejam eles provocados por A, B, C ou D.

Estou, hoje, tão triste como tu pela baixa adesão dos Leceiros à concentração promovida pela Junta de Freguesia de Leça da Palmeira e a que o MPL, no seu propósito unificador, e muito bem, se associou.

Vejo nessa baixa adesão um sinal de que as mensagens estão enfermadas de ruídos, e nesse particular, todos os que apelam devem meter a mão à consciência.

Todos, sem excepção, desde o Leceiro mais anónimo, passando pelo MPL. E, muito naturalmente, também o executivo da Junta de Freguesia deverá retirar desse facto as suas conclusões.

Insisto: Leça da Palmeira pode e deve estar sempre acima de símbolos, ideais ou credos. Os juízos e os confrontos políticos, reservem-nos para quando vencermos, todos juntos, este combate.

Paulo Poças Horta

Membro da Comissão Coordenadora do Movimento Por Leça