Confesso que a morte de Benazir Bhutto não me surpreendeu, como não deve ter surpreendido quem quer que acompanhe, minimamente, a actualidade internacional.
No entanto, antes de endeusar a personagem, como tão bem fazemos nós, portugueses, após a morte de quem quer que seja, convém lembrar que foi duas vezes destituída do cargo por corrupção e acusações de nepotismo. A morte do irmão está envolta em mistério, havendo quem lhe atribua as responsabilidades pelo assassinato.
A morte da ex-primeira-ministra traz instabilidade a umas das zonas mais inflamáveis do globo. Ali ao lado do Afeganistão, que tem exportado talibãs para o país vizinho, o democrata amigo dos norte-americanos, Pervez Musharraf, tem agora em mãos um país em ebulição.
Embora o cenário de guerra civil pareça demasiado longe, devido ao enorme poder do exército paquistanês, o extremismo islâmico volta a ganhar pontos.
Post it 1: Em 2002, o Partido Comunista do Paquistão - CMKP - foi proibido de concorrer às eleições.
Post it 2: Sendo o Paquistão uma potência nuclear, resta saber, depois da instabilidade criada e das eleições, quem vai ficar com a (ir)responsabilidade de carregar no botão vermelho.
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
2 comentários:
Sei que essa senhora não teve uma conduta correcta, disso sabemos bem. Não a vejo como uma mártir, nem de longe nem de perto. Mas sim como uma mulher de coragem, sobretudo. Quando voltou do Dubai para o Paquistão já sabia o que a esperava. Mas no Paquistão, sabemos, nada ou quase nada resulta. Só mesmo os homens-bomba.
Caríssima:
Concordo e subscrevo tudo o que disseste, mas:
Ela sabia que ia morrer, mais tarde ou mais cedo, assim que entrasse no Afeganistão. Gabo-lhe a coragem.
O facto é que passou a ser uma mártir e, por isso, o que importa questionar é se, nas mulheres, o efeito dos 70 rapazinhos virgens é o mesmo que as 70 rapariguinhas virgens tem nos homens.
Terá sido por isso que ela voltou?
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