Não era preciso ser o professor Bambo ou a Maya - que, soube hoje, vai ter umas maminhas novas -, para perceber o que aí vinha com o Estatuto do Jornalista e a lei da Comunicação Social.
Evidentemente que este é apenas o primeiro passo e que outros despedimentos se seguirão, na Controlinveste e noutros grupos. Chocante, mesmo, é a quantidade de jornalistas do DN, JN e de outros jornais fora dos Oliveiras que produzem blogues de qualidade e com relevância no plano nacional e nem uma palavra sobre os 122 despedimentos na Controlinveste.
Afinal, que se lixe, é na província. O facto de a segunda maior cidade do país ter perdido referências como O Comércio e o Janeiro - uma sombra absurda do que já foi -, são coisas cá de cima. E perde agora a delegação do 24 Horas. E arrisca-se a perder o JN.
26 de Dezembro de 2007:
"Um post com conteúdo sobre conteúdos
O jornal O Jogo vai passar a produzir conteúdos para outros jornais da Controlinveste.
Nota prévia: O Jogo não produz conteúdos. Os jornalistas d'O Jogo produzem os conteúdos d'O Jogo. Se a lógica ainda imperasse, o justo seria dizer que os jornalistas d'O Jogo vão ceder, obrigatoriamente, o produto do seu trabalho a outras subempreitadas do grupo Controlinveste.
Está aqui a primeira consequência flagrante do novo Estatuto do Jornalista. Deixa de haver direitos de autor e passa a haver direitos de quem contrata o trabalho do autor.Segundo a notícia, este intercâmbio (?) vai ocorrer já no euro2008. É o primeiro passo. Depois, virão outras provas e eventos e vamos passar a ter uma espécie de mini O Jogo dentro do DN, do JN, do 24horas e, quem sabe, vamos começar a poder ouvir O Jogo, o DN, o JN e o 24horas na TSF.
Isto, até podermos ver O Jogo, o DN, o JN, o 24horas e a TSF num canal de tv que o grupo pretende lançar.Com esta "racionalização de meios" - que expressão tão na moda -, o que vai acontecer aos jornalistas "excedentários"? E aos recém-licenciados?
Como é possível ser o Manuel Tavares, jornalista antes de ser director d'O Jogo, a justificar esta medida?
O Capital, Karl Marx, Volume I, Secção 2:
O Processo de Produção de Mais Valia
"O produto, de propriedade do capitalista, é um valor-de-uso, fios, calçados etc. Mas, embora calçados sejam úteis à marcha da sociedade e nosso capitalista seja um decidido progressista, não fabrica sapatos por paixão aos sapatos. Na produção de mercadorias, nosso capitalista não é movido por puro amor aos valores-de-uso. Produz valores-de-uso apenas por serem e enquanto forem substrato material, detentores de valor-de-troca. Tem dois objectivos. Primeiro, quer produzir um valor-de-uso, que tenha um valor-de-troca, um artigo destinado à venda, uma mercadoria. E segundo, quer produzir uma mercadoria de valor mais elevado que o valor conjunto das mercadorias necessárias para produzi-la, isto é, a soma dos valores dos meios de produção e força de trabalho, pelos quais antecipou seu bom dinheiro no mercado. Além de um valor-de-uso quer produzir mercadoria, além de valor-de-uso, valor, e não só valor, mas também valor excedente (mais-valia)".
Ao contrário dos capitalistas - ou grupos económicos, chamem como quiserem -, a generalidade dos jornalistas faz sapatos por paixão aos sapatos. O novo Estatuto do Jornalista é o fim formal do Jornalista enquanto detentor da propriedade intelectual do que cria, para ser um sapateiro ao serviço dos grandes grupos económicos".
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
segunda-feira, janeiro 26, 2009
Bambo
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