segunda-feira, março 09, 2009

Tiro os patos

"O MIC não tem intuito de se constituir em partido político." - Carta de intenções do Movimento de Intervenção e Cidadania.

No sábado, no Expresso:

"... continuo a lutar por mudar as coisas no PS, na esquerda, na democracia - que está a ser confiscada por gente medíocre que se apoderou dos partidos". Fantástico. Quem o diz é o fundador do MIC, que se candidatou às presidenciais contra os aparelhos partidários, para, logo a seguir, ser ainda mais claro: "P - Se os movimentos de cidadãos pudessem candidatar-se ao Parlamento avançava com o MIC já nas próximas legislativas?
R - Avançava
".

A ver se percebo: Os partidos políticos, se tiverem esta designação, deixam de ser movimentos de cidadãos e passam a ser, sei lá, movimentos de beringelas, pronto. Mas, para Alegre, se pudessem concorrer a eleições, seriam, ao que parece, uma mais-valia. Faz sentido. Um dia, quando o MIC não o quisesse como candidato à presidência da Associação de Tiro aos Patos de uma aldeola qualquer, Alegre podia sempre insurgir-se contra a lógica aparelhística dos movimentos de cidadãos.

Mas a pérola vem depois: "Os partidos não esgotam a democracia. Até a podem estragar. Sempre fui renitente em relação à lógica partidária". Palavras de Manuel Alegre, fundador do PS, deputado desde sempre em democracia.

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