«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
quarta-feira, dezembro 12, 2012
O miúdo veste o quê?
O Tiago já deixou aqui uma compilação dos artigos dedicados pelos opinadores do Expresso ao XIX Congresso do PCP. Se as respostas dadas por mim e pelo Francisco respondem ao Daniel Oliveira e ao Henrique Monteiro, vi hoje um novo artigo relacionado com o Centro de Trabalho Vitória.
Com o sugestivo título "O PCP veste Prada... e Gucci!", o miúdo ali em cima, de nome João Lemos Esteves, debita uma série de lugares-comuns e factos errados que, tendo em conta o facto de escrever num blog do Expresso, poderá valer-lhe um grande futuro no grupo de Balsemão.
Por pontos, o escriba dedica-se a especular sobre os comunistas; o que são, os seus Centros de Trabalho, como vivem e o que vestem. Vamos, assim, responder ponto por ponto.
Ponto 1 - "As crenças de criança" estão em todo o artigo. O autor ignora o facto de o PCP, quando adquire um imóvel, não poder controlar a vizinhança. É mais ou menos como nos blogs. Eu não controlo, e ainda bem, porque me divertem, os disparates que se escrevem noutros blogs. O "partido marginal" no panorama político e social é mais uma "crença de criança" do miúdo.
Ponto 2 - O PCP convive na Avenida da Liberdade com quem passou a existir ao seu lado. Sem qualquer preconceito que os preconceituosos anti-comunistas acham que os comunistas têm. Ao "luxuoso edifício" iremos mais à frente.
Ponto 3 - O miúdo acha que os Centros de Trabalho do PCP não devem ter televisão, menos ainda Sport TV. Pode parecer-lhe estranho, mas os Centros de Trabalho do PCP até têm - imagine-se - computadores com internet! Os Centro de Trabalho que reúnem condições para tal são espaços onde os militantes e não-militantes convivem. Não, ao contrário do que pensa o miúdo, a vida dos comunistas não se resume ao Partido. Até porque o Partido está em tudo o que os seus militantes fazem. No futebol também. Pode passar pela Catedral da Luz e por lá verá artigos de comunistas sobre - espante-se - futebol.
Ponto 4 - O miúdo delira.
Ponto 5 - O miúdo gostava que assim fosse.
Ora, voltando ao CT Vitória, a ignorância do miúdo é algo de tão atroz que serve para explicar tudo o mereceu ser replicado acima - pontos houve que só existem na cabeça do autor. Assim, aqui fica para informação:
Adquirindo o edifício em 1984 (graças à campanha «60 mil contos para o Vitória»), o PCP empreendeu desde então diversas obras de recuperação e reintegração do edifício no seu desenho original, bastante degradado sobretudo a partir dos anos 60. Nas obras dos anos 80 é feito um restauro de toda a fachada, repondo a pala circular sobre a entrada, que fora destruída, e reconstruindo a pérgola do terraço, que ruíra no sismo de 1969. Nas obras dos anos 90 todo o piso térreo é recuperado na base dos elementos decorativos de origem. Com a passagem a Centro de Trabalho Vitória o edifício não só ganhou uma nova e intensa vida, como recuperou toda a dignidade de um dos mais singulares edifícios da cidade de Lisboa.
Ou seja, no PCP não há Somagues, Modernas, sobreiros, submarinos, financiamentos que passam pelo Brasil, Tecnoformas, etc. O PCP votou contra a Lei dos Partidos por entender que estes devem viver através da militância e empenho dos seus membros, com receitas próprias.
Por fim, alguém diga ao miúdo que o PCP não só tem um Centro de Trabalho na Avenida da Liberdade, em Lisboa, como tem outro na Avenida da Boavista, no Porto, e, pasme-se, uma quinta na Amora!
Aprender, aprender... sempre!
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