Há uns dias, foi o presidente Cavaco a falar na importância do mar para Portugal. Deduzo eu, que tenho a mania destas coisas, que estivesse a falar nas potencialidades do mar em relação à pesca e aos recursos. Claro que não falou no número absurdo de embarcações que todos os anos são abatidas. Setenta, anualmente, só no Algarve. O resto, ou é espanhol ou marroquino.
Hoje, foi a vez do ministro da Agricultura, Jaime Silva. Perante os protestos dos pescadores na Docapesca de Matosinhos, aproveitando a raras visitas de um governante fora do tempo eleitoral, a resposta do ministro: "Não gostam, peçam para sair [da União Europeia]".
Não sei bem qual o adjectivo para o descrever. Arrogante, é de certeza. Ou, se calhar, foi só para inchar o peito ao lado do responsável da União Europeia pelo sector das pescas.
Vale aos pescadores não serem funcionários públicos e poderem, por isso, soltar os desabafos que entenderem sobre o ministro Jaime Silva; podem também colar entrevistas do ministro nas paredes e brincar com elas; e têm ainda a sorte de a correspondência que lhes é dirigida não ser entregue nas embarcações, podendo ser aberta por algum mestre.
O socratismo no seu melhor.
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
1 comentário:
É complicado comentar um post como este, em que estou solidário com o que está escrito.
um abraço
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