O assalto conheceu vários desenvolvimentos, desde a fuga de reféns - e não a sua libertação, o que de resto aconteceu com apenas uma das pessoas que estava dentro BES, devido a um ataque de ansiedade. O desfecho, que já toda a gente conhece, ganhou uma dimensão tremenda, mas vamos por partes:
1. Não acredito que algum elemento da PSP mate por prazer. Acresce ainda, no caso dos snipers do GOE, o facto de apenas poderem disparar após ordem superior. E, depois da ordem dada, não podem falhar.
2. Todos os elementos da PSP - e não só o GOE - que estiveram no local, estiveram submetidos a níveis de stress inimagináveis durante as horas que durou o sequestro. É também para isso que estão preparados, é por isso que integram uma Unidade Especial de Polícia.
3. O lema da UEP é "A última razão". Não é difícil perceber por quê. São isso mesmo, os que actuam quando tudo o resto falhou.
4. É evidente que o desfecho do sequestro não foi o ideal. Ideal, teria sido que não houvesse vítimas; antes disso, que não houvesse reféns; antes disso, que não houvesse assalto. Mas houve e a PSP procedeu da forma possível. E, dentro do possível, a operação foi um êxito: Não houve baixas entre os reféns ou entre as forças policiais.
Dito isto, vamos às reacções:
O Moita Flores, uma espécia de autarca, deixou vir ao de cima toda a sua pequenez, relacionando a nacionalidade dos assaltantes ao acto praticado. A isto não terá sido alheio o facto de também a Imprensa em geral ter referido, até à exaustão, a nacionalidade dos assaltantes. Se fossem dois portugueses, o tratamento seria o mesmo?
Uma viagem pelos sites e blogs coloca a nú um perigo enorme que, até então, parecia estar mais ou menos adormecido. As reacções xenófobas foram tremendas, por parte do cidadão comum. Importa encontrar respostas para isto. O sentimento de insegurança instalou-se e é uma batalha tremenda que as Forças de Segurança têm pela frente. A par disso, a noção e o sentimento de impunidade - muito por culpa das alterações aos códigos Penal e de Processo Penal, que teve como um dos criadores o actual ministro Rui Pereira - que grassa pela aplicação da justiça, faz com que os cidadãos anseiem por ver resultados palpáveis nas acções policiais. E, na acção no BES, foi isso que viram. É evidente que os elogios são efémeros. Se hoje os mesmos que elogiaram a PSP forem multados, os Profissionais da Polícia passam outra vez a bestas.
Blogosfera
Mas se, com mais ou menos exageros, a acção da PSP foi louvada pela generalidade de quem se pronunciou sobre o caso, houve excepções. Nada contra, obviamente. Mas ir tão longe como foi o blasfemo João Miranda no seu blog, roça o ridículo. Pretende o ilustre blogger comparar pela negativa a acção dos snipers e a pena de morte.
Desde quinta-feira que continua o seu esforço absurdo de denegrir a acção dos polícias. Certamente que o João Miranda, se estivesse no lugar da refém que saiu a correr após o tiro do sniper, dirigir-se-ia ao oficial de dia para travar-se de razões e questionar o tiro que matou o assaltante.
Depois, alega ainda que, "em Portugal, não há uma fiscalização independente das polícias". Das duas uma, ou é ignorante - e isso está sempre a tempo de corrigir - ou omitiu deliberadamente a existência da Inspecção-Geral da Administração Interna. E, se foi a segunda hipótese, não é grave. É só desonesto.
A IGAI existe e é dirigida por um magistrado, de nome Clemente Lima. E tem uma actuação bastante visível. Ainda há dias emitiu uma directiva que aconselhava os polícias a não recorrerem à arma em perseguições policiais.
É Agosto, é verdade, e há muito pouco para dizer. Mas, às vezes, estar calado é mesmo o ideal.
2 comentários:
Bravo!
Exactamente o que penso.
Aliás a opinião que tenho desse João Miranda é pouco acima de atrasado mental.
Já os vi melhores...
Um abraço.
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