Fico sempre comovido quando alguém sai em defesa dos fracos e oprimidos. Hoje foi a vez do Paulo Ferreira, no Jornal de Notícias. O jornalista sai em defesa do pobrezinho do António Mexia, que vai receber um prémio de apenas 3,1 milhões de euros. O Paulo Ferreira não quer que os ricos paguem a crise e eu discordo. Por uma vez, só uma, acho que deviam, pelo menos, ajudar a pagá-la.
Para o Paulo Ferreira, a contestação ao prémio do Mexia é fruto da "inveja social", que considera ser "uma atávica característica dos portugueses". E quem fala assim, não só não é gago, como só pode ser estrangeiro. Claro que nunca é fácil criticar (algumas) figuras públicas, por isso, o autor esclarece que não é a inveja que move "move Seguro, Amaral, Neto e muitos dos que com eles concordam". Ficamos então sem perceber onde entra a inveja: Se nos portugueses todos ou apenas nos portugueses que não são ex-ministros, administradores ou ex-administradores.
O suprema explicação para o prémio de gestores como Mexia vem na conclusão, que por acaso é óbvia desde a primeira linha do artigo: "Portugal precisa como de pão para a boca é mesmo de gente com mérito e capacidade de trabalho". Deixo claro que concordo com o princípio. Portugal precisa de gente com mérito e capacidade de trabalho, mas não apenas de gestores e administradores com mérito e capacidade de trabalho.
O Paulo Ferreira, acérrimo críticos de direitos laborais consagrados na Constituição, devia lembrar-se que há gente com mérito e capacidade de trabalho fora dos gabinetes dos administradores, empregados e assalariados que todos os dias dão o seu melhor e o prémio que recebem é, na maioria das vezes, o salário mínimo.
Mas pode o Paulo Ferreira ficar descansado, que Mexia receberá a remuneração justa, apesar das críticas. Hoje mesmo, a EDP anunciou que "António Mexia vê reduzido o prémio anual de 100% para 80% do salário, mas terá um bónus no final do mandato, em 2011, de cerca de 120% do salário fixo."
Está feita justiça.
PS: Dou de barato que o Paulo Ferreira duvide dos lucros astronómicos da banca. Afinal, o "astronómico" é subjectivo. Mas podia ser intelectualmente honesto e lembrar-se dos benefícios fiscais obscenos, insultuosos e injustificados daquele sector.
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
terça-feira, abril 06, 2010
Eu também estou solidário, Mexia
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2 comentários:
Tás doido??? Vais alterar a melhor parte do blog? Lol...
LOL
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