A tremenda habilidade de Vítor Gaspar para tratar das finanças do país é semelhante à sua capacidade de gerar momentos embaraçosos para esta espécie de comissão liquidatária que está à frente dos destinos do rectângulo.
Gaspar não tem aspecto de quem faça as suas corridinhas. Não faz mal, há não muito tempo tivemos por cá quem se passeasse em corridas matinais com as câmaras de tv atrás e esse também não deixa saudades. Aqui, estou com o Gaspar: também não gosto de correr. Faço-o quase diariamente porque sei que faz bem e com dois objectivos, que são a saúde física e mental.
Gaspar calçou as sapatilhas e fez-se ao caminho das metáforas com a maratona, ainda por cima com a fase final. Não sei o que será para ele a fase final. Sei que pode ser agonizante. Há entre os maratonistas aquilo que é chamado de "o muro", ocorre cerca dos 30km da prova e é a fase mais difícil dos 42,8km. As falhas musculares afectam também a mente dos atletas e muitos acabam por desistir.
Há portugueses que já desistiram da maratona. Deixaram o país e a prova de afundo. Muitos outros continuam por cá, nesta maratona miserável a que estão a condenar-nos. Gaspar acha que o pior já passou.
Gaspar é sebo. Sebo, sim. O Sebo que Francisco Lázaro usou em 1912 e o levou à morte nos Jogos Olímpicos desse ano. O maratonista cobriu o corpo com sebo para o impedir de suar. Neste momento, somos todos Francisco Lázaro.
O governo de Gaspar e companhia cobre-nos com sebo que nos asfixia todos os poros e acabará por levar-nos à morte. Assim nós o deixemos e não nos hidratemos de todas as formas possíveis. Francisco Lázaro não teria morrido se tivesse tomado um banho. Um banho simples, que os colegas da comitiva portuguesa daquela edição olímpica não conseguiram convencê-lo.
E ele foi morrendo a cada passo que dava. E nós precisamos de um banho. Um banho que limpe o sebo.
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
domingo, outubro 28, 2012
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2 comentários:
Caro amigo não vamo la com palavras pansas
O gaspar e todos os outros limpa-nos o sebo todo, se nos deixar-mos
As coisas teem que modar de uma forma ou de outra assim não da
estamos cá para isso. amanhã contra o OE, no dia 12 com a visiuta da merkel e no dia 14 com a greve geral!
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