A convenção do Bloco de Esquerda, que decorreu no passado fim-de-semana, foi (mais) um verdadeiro exercício mediático do padre Louçã e dos seus acólitos.
O carácter social-democrata de supostos revolucionários veio ao de cima, com as críticas à Greve Geral de 30 de Maio. Alinharam ao lado da direita e do Governo, procurando colar a decisão da CGTP às alegadas pressões do PCP. Para o BE não importa, por isso, que quase 1,5 milhões de portugueses tenham estado em greve, sem contar com muitos outros gostariam de a ter feito, mas não puderam, por pressões do patronato ou por motivos pessoais. O BE negou tudo isto e apontou baterias ao PCP.
Há cerca de 100 anos, estes senhores tinham um nome, eram mencheviques, e o seu grande objectivo era combater a Esquerda Revolucionária, deixando caminho livre para a propaganda burguesa. Sem o perceber (será que não percebe mesmo?), o Bloco vai dando argumentos ao Governo e aos detentores do poder económico para que questionem o movimento sindical.
Hoje, como há 100 anos, a burguesia chique-revolucionária ataca a esquerda e eleje-a como principal alvo. Exemplo mais claro é a festa para assinalar a reentrada no ano político. Uma iniciativa que, se não é para procurar rivalizar com a Festa do Avante!, para pouco mais servirá.
A Luta continua. A Festa, também.
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
1 comentário:
Eu diria mesmo que o BE, em certos aspectos, nem chega a ser reformista mas social-liberal. Ou seja, em muitos dos casos o BE nem sequer defende as velhas teses da superação do capitalismo por intermédio de reformas dentro do sistema. Hoje, o BE nem sequer a esse nível está. A sua acção, por um lado, é procurar minorar os efeitos perversos do capital e, por outro lado, entravar a luta dos trabalhadores.
Abraço
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