A manchete do Jornal de Notícias de hoje, pelo menos a ediçao para o norte, é tão verdadeira que chega quase a deprimente.
O norte de Portugal continua a perder competitividade, comparado com a Galiza, mesmo aqui por cima. O salário médio dos galegos é de 1240 euros; dos nortenhos é de 635. Dói, não dói?
Praticamente, o dobro. E, surpresa das surpresas - ou não - resulta, em grande parte, do investimento na indústria. A mesma indústria que foge de Portugal todas as semanas, por vários motivos, mas que não são, de certeza, os salários mais baixos. A mesma indústria que o Estado português foi revendendo aos exilados pós-Abril, então regressados para o ajuste de contas com a Revolução.
Enquanto o desemprego cresce em Portugal, e no norte em particular, atingindo máximos históricos em mais de duas décadas. Na Galiza, o desemprego atingiu o valor mais baixo dos últimos 25 anos.
Sócrates não mentiu. Disse que criaria 150.000 empregos. Pode criá-los. Segundo o próprio, criou já 40.000. Não mentiu, porque não disse que por cada emprego criado, três iriam para o desemprego.
A verdade não tem apenas uma face.
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
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