sábado, março 22, 2008

Sentença

Surpreendentemente, o Daniel Oliveira, já sentenciou que o caso da professora do Carolina é um exemplo de falta de vocação da docente. O que surpreende não é o acto desculpabilizar a aluna, vindo de um determinado sector da esquerda que abomina a autoridade. O que surpreende, mesmo, é achar que alguém não tem vocação porque tem uma aluna que transpira imbecilidade.

É certo que o ambiente social de algumas escolas, bem como o ambiente familiar, são propícios a algumas situações de confronto, quando os alunos são confrontados com um tipo de autoridade que desconhecem dentro das paredes de casa.

Eu também defendo que o contexto social influencia fortemente a personalidade de quem quer que seja. No entanto, o que se passou naquela sala de aula vai muito além de um contexto social particular. Foi um acto de desrespeito brutal com quem tem o dever de ensinar, caucionado por toda uma turma que assistiu a tudo.

Não conheço o contexto social de toda a turma, mas acredito que o Daniel também não.

Como estudante, as imagens que vi repugnaram-me, mas não me surpreenderam. Quando estudava no secundário - e não foi assim há muito tempo - qualquer coisa deste género era impensável.

Hoje, são situações recorrentes. Tenho um familiar bem próximo que trabalha numa escola, como auxiliar de acção educativa, e o ambiente nos estabelecimentos de ensino é de cortar à faca. As reformas educativas recolocaram nas escolas alunos que estão lá apenas a passar o tempo - já que não podem ser reprovados, vão saltando de escola em escola -, onde se misturam crianças com 12 e 13 anos com outros de 18, que frequentam o ensino profissionalizante.

Obviamente, as generalizações caem sempre no erro. Mas o sentimento de impunidade atravessa todos os sectores da sociedade e as escolas não fogem à regra.

Na situação concreta, o Daniel avança com uma não-solução brilhante: "Uma professora não fica dois minutos a disputar um telemóvel com uma adolescente. Não o faz, ponto final. Chama outra pessoa, manda a aluna para a rua, interrompe a aula… Qualquer coisa". Pois... "Qualquer coisa". É precisamente no "Qualquer coisa" que está o segredo. Ninguém sabe o que fazer mais nestes casos. Não sei se o bloquista achará que os auxiliares de educação educativa têm outro tipo de autoridade perante estes alunos. Se acha, está enganado. Hoje, não têm.

Que o público-alvo do Bloco está nos jovens urbanos, todos sabemos, mas o princípio eleitoralista não é próprio de alguém que se diz de esquerda. Ao populismo da direita, estamos todos habituados, com o seu expoente máximo no Parlamento: o Paulinho das amêndoas; mas da esquerda espera-se outra seriedade e outros princípios que, manifestamente, o Daniel não tem.

1 comentário:

CATI disse...

Mas então o Daniel não viu que a aluna em causa estava a prender a professora, de forma a que ela nem pudesse sair da sala para pedir ajuda?

E sem dúvida aquele é um caso claro de falta de educação! Fiquei até mais chocada com a atitude de indiferença dos restantes alunos. Agora não me digam que a culpa é do professor...e nem venham dizer a praça pública dizer que aquela professora era "fragilizada". Qualquer professor está hoje em dia sujeito a este tipo de violência verbal e psicológia.