O Iraque está, mais uma vez, na ordem do dia.
Desta vez por causa de Saddam Hussein, que foi condenado à morte por enforcamento. Portanto, o Iraque deixou de ser um regime tirano que condenava à morte os opositores ao regime laico, para passar a ser um regime tirano islâmico que condena continua a condenar à morte.
Segundo Bush, é "um enorme passo passo para a jovem democracia iraquiana". Não admira, tendo em conta a velha democracia do Texas.
Sócrates também falou, ainda que timidamente, para dizer que os direitos humanos estão no "coração de todos os [norte] americanos.
Não diria bem de todos. Duvido que a lei que impede os julgados por crime de terrorismo de falarem sobre os métodos dos interrogatórios a que foram submetidos sejam revelados, seja um acto que partiu do coração dos norte-americanos.
Saddam foi condenado pela morte de 148 xiitas. Ficaram, assim, sem pena, os milhares de curdos e militantes de esquerda que também foram assassinados.
E os turcos? E os presos políticos do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) que continuam presos e torturados no aliado estratégico dos EUA na região? Para esses não há pena: nem dos tribunais, nem de compaixão.
Já agora, se depois da mentira das armas iraquianas, o motivo da invasão do Iraque passou, subitamente, a ser a deposição de um regime autoritário e sanguinário por parte dos EUA, para quando uma intervenção no Darfur?
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
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