Todos correm atrás
de paz
e felicidade
Numa procura incessante
que faz
com que muitas pessoas
acabem
Desiludidas
ingenuamente suicidas
Totalmente perdidas
No labirinto da vida
Andando em círculos
Buscando saída de modo ridículo
E a cada
topada
nas pedras
da estrada
Alguém te observa
como quem não quer nada
Você não enxerga
você não escuta
o filha da puta
dando risada
E se qualquer canoa furada
alivia a depressão
você embarca
Pensa que é a tábua da salvação
Mas não haverá escapatória
na fuga ilusória
Buscando no pó
a vitória
Você fez o nó
Desfaça ele agora
Ou ele te enforca
Sem final feliz na história
Aí acabou
Não tem bis
Faça o diabo feliz...
Deixe o diabo contente
Mostrando os dentes
Continue bancando o valente
Baixando o cacete
Puxando o tapete
De quem
encontrar
pela frente
Arrume inimigos
Não dê ouvidos
A quem disser que
quem fere com ferro
com ferro será ferido
Pise
Esmague
Mate
Pague pra ver
Se o preço for alto não vá se arrepender
Subir é difícil,
mais fácil é descer
E ele te abraça com todo o prazer
E te diz: Ambição,
Egoísmo - o xis da questão
então
Faça o diabo feliz...
Se fingindo
de cego
tudo é lindo
Pela desgraça
- dos outros -
você passa sorrindo
Agindo da forma mais arrogante
Está de pé
e não quer
que ninguém mais se levante
Impressionante
o seu jeito covarde
De explorar a desigualdade
Mergulhando num mar
de Indiferença
parasitando o povo
A recompensa está chegando em dobro
Agora coma o pão que ele amassou
É a opção que restou
O seu reinado acabou
Foi bom enquanto durou
De gigolô
a meretriz
Será que foi isso que você quis?
Ontem ria
hoje
chora
Veja só
Quem ri por último
ri melhor
Faça o diabo feliz
Gabriel Contino
Poeta Brasileiro
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
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