sexta-feira, março 23, 2012

Uma grande greve dos jornalistas



Estive nos piquetes da Greve Geral até perto das oito manhã. Entre a garagem da STCP da Via Norte, A Estação de S. Bento e a garagem de Francos da STCP.
Nesta última, a PSP procedeu à identificação de um motorista que se apresentava para trabalhar em substituição de outro, impedindo a saída do autocarro. Cumpriu-se a lei portanto.
Infelizmente, não estava lá qualquer jornalista para testemunhar o acto. Nem o agente que, em S. Bento, desabafava: "Estamos todos do mesmo lado. É a segunda vez que me calha vir para aqui e isto dói muito, porque nós também sofremos".


Não estava qualquer jornalista, como não esteve durante toda a noite em qualquer dos principais piquetes do Porto, pelo menos até às 8 da manhã. Daqui depreendemos que os jornalistas da Lusa, dos três canais que emitem notícias 24 horas por dia (RTPI, TVI24 e SICN), das rádios (pelo menos, Antena 1 e TSF) e dos jornais, incluindo aquele que se assume como a "voz do norte", aderiram em massa ao dia de greve. Recordemos que todos os jornais têm uma secção online e que, supostamente, dão notícias ao minuto. Ou dão Lusa ao minuto, mas isso é outra história.


É a única explicação lógica que encontro para a sua ausência e, por isso, felicito-os pela coragem, com toda a minha admiração, porque a precariedade é um dos grandes males que afecta aquele sector. Deram uma prova de união que não tem paralelo com qualquer das greves em que participei. Nas duas anteriores a estas estavam jornalistas. Nesta, desapareceram. 


E avançam que esta foi uma greve sem números porque, pelos vistos, mesmo no jornalismo de secretária custa muito dar um clique nos sites onde foram sendo publicados os números da adesão durante todo o dia.


Obviamente que não me passa pela cabeça que houvesse jornalistas a trabalhar e não tenham sido enviados para os locais onde estavam os mais significativos e numerosos grevistas.


Ficou do dia a imagem dos dois jornalistas agredidos, já durante o dia. Que tal não caia no esquecimento. Mas que tal não sirva para fazer esquecer que ontem houve uma grande Greve Geral, com milhões de trabalhadores a aderirem ao protesto, apesar de todas as pressões dos patrões e do Governo.


Que a indignação dos jornalistas não se fique só pelos seus camaradas agredidos em dia de Greve Geral, que se estenda a todos os outros que também sofreram agressões físicas e não só. Que se estenda a todos os dias do ano, na denúncia da violência que são o desemprego e a precariedade a que milhões de portugueses estão sujeitos, muitos deles seus camaradas de redacção. Olhai para o lado e eles lá estão.

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