Querida irmã Gogas:
Tu sabes que gosto de ti, como gosto das outras duas que te sucederam. Não por laços de sangue, que são sempre vinculativos mas quase sempre subjectivos, mas porque gosto de vós, pronto.
Mas tu és especial. Mais nenhuma me envia tantos mails como tu. E os teus são especiais, são sempre temáticos e muito úteis.
Mas sabes, eu não os reencaminho. Alguns porque são os mesmos que recebo desde 1998, outros, porque não interessam.
Tu sabes que eu não posso ter animais de estimação. Se bem te lembras, quando pedi aos pais um São Bernardo, a mãe foi a primeira a dizer que sim. Com o pequeno detalhe que, se o cão viesse, eu saía. Em vez disso, deram-me a Bloo, de quem gosto muito, mas que não é propriamente um São Bernardo. Quando muito, pelas dimensões, é uma pata de um São Bernardo, e isso já me deixa feliz.
Isto para dizer que, além de me deprimir, os mails sobre os cães abandonados morrem na minha lixeira, provavelmente, da mesma forma que morrem nos canis.
Eu sei que há coisas que provocam ataques cardíacos. E sei que há sintomas, porque tu me recordas diariamente. Também sei que há seres maléficos que colocam seringas nos bancos dos cinemas. Malucos. Mas eu juro que olho bem antes de me sentar.
Também sei - mesmo - que os combustíveis estão caros, mas aquele mail da acção conjunta já é antigo e não adianta muito não abastecer num dia, se no dia seguinte tenho de abastecer a dobrar.
E sei que há doenças com nomes estranhos como a Lupus e outras. E sei que há maternidades, urgências e hospitais a encerrar. É uma merda e espero que consigamos dar a resposta adequada já em 2009 - sem, entretanto, cessar a luta.
De qualquer forma, querida irmã, obrigado pelos mails.
Agora que te revelei estas questões, penso que ficarás com um leque de assuntos bem reduzidos.
Mas tu encontras outros, que eu sei.
De qualquer forma, obrigado.
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e... a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, (...) privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos» José Saramago - Cadernos de Lanzarote
Sem comentários:
Enviar um comentário